É preocupante o tempo que a república portuguesa leva a resolver um problema básico de saúde pública que vem sendo a sucessão de abortos clandestinos que matam e incapacitam mães e filhos a um ritmo assustador.
A última decisão do Presidente da República, de recusar agendar data referendária, para além de vir na linha de um atitude algo cobarde que vem caracterizando o seu mandato, não passa de mais um adiamento, mais um chutar para a frente.
Recordo que foi o mesmo PR que apelou à complacência dos Tribunais em julgarem mulheres que praticaram abortos.
Afinal em que ficamos: recusamos o poder que temos na mão para decidir (agendar um novo referendo) e rogamos a quem tem o dever (cego, dizem) de julgar que... não julgue!!!
Muitas vezes me tenho questionado sobre o porquê de não se poder, no mesmo dia, eleger autarcas, referendar o aborto, a constituição europeia e até a regionalização? O que impede a simultaneidade de consultas populares? Acho que nada, pelo que o argumento de “falta de datas” não colhe.
Com tudo isto, estou tentado a dar razão ao PCP (que já aqui critiquei pela mesma razão): a Assembleia da República que decida, através de acto legislativo próprio, se o aborto (ou IVG para os mais polidos) é ou não legítimo até às 10 semanas, desde que praticado em estabelecimento hospitalar próprio e por vontade expressa da mulher que o pratica (que é vitima).
É que já incomoda tanto adiamento. E começa a cheirar mal a hipocrisia dos que defendem a vida mas não se atrevem a pedir a condenação de quem, no seu entender, a viola. Coerência, coerência.
quarta-feira, maio 04, 2005
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
"A Liberdade e o Comandante Guélas não são contraditórios. A Liberdade é simplesmente demasiado jovem para compreender" - Quitéria Barbuda in, "Brincadeiras de Infância - Atirando Jovens Comunas para um Poço", Edições 24 de Abril, 2005
Enviar um comentário