segunda-feira, julho 25, 2005

DIREITO DE ESCOLHA

"Tenho uma maneira própria de ver o aborto. Não sou a favor nem contra. Sou a favor da liberdade das mulheres"
José Pinto da Costa, médico.

Ora esta afirmação, que li no último Expresso, suscita-me alguns comentários:
1. A clarividência da mesma, com que me identifico plenamente. Porque define e aponta, de forma clara, a função da liberdade: o direito de escolha.
2. A oportunidade de o dizer (porque nunca é demais coleccionar argumentos - pró e contra - sobre o assunto) quando se continua a brincar aos tribunais, com mulheres a serem julgadas e sistematicamente absolvidas por uma sociedade hipócrita, que na penumbra as acusa e na praça pública faz de conta que as absolve.
3. A importância da origem, dada a autoridade, moral e cientifica, de quem a profere.

domingo, julho 24, 2005

QUEM SE IMPORTA

Acho que Fernando Pinto percebe pouco da poda.
Por cá não estamos interessados em se a OTA é boa para a aviação e para o país. Queremos é trabalhinho para alimentar os empreiteiros que sustentam a política. Assim género pescadinha de rabo na boa (ou lábios, para os mais púdicos).
Como, de resto, ninguém se importa com o excepcional trabalho que está a fazer à frente da TAP. Basta ver o que quase lhe aconteceu quando abriu brechas com o então presidente do Conselho de Administração, Cardoso e Cunha, um dos maiores logros da política nacional (um vigário de corpo inteiro): quase foi posto na rua para proteger os interesses instalados pelo ex-comissário europeu.

SÃO ARES,SENHOR, SÃO ARES

Presidenciais: Soares reflecte sobre candidatura depois de de apoio de Sócrates
O outro, o António Oliveira, que lá esteve 48 anos, também era assim: agarradinho, agarradinho ao poder. Achava que ninguém o podia substituir, e por lá se manteve a apodrecer.
Este, se o deixassem (e deixarem) pelos vistos, vai pelo mesmo caminho.

quarta-feira, julho 20, 2005

O CANDIDATO

Porque será que não estranhei a afirmação.
Este jeitinho de elefante em montra de cristais há-de-lhe valer votos em bardo.
Pela minha parte está garantidinho

segunda-feira, julho 18, 2005

DESASSOSSEGO

Este cheiro a incêndio que nos queima as narinas traduz o estado do país.
Todos em sobressalto. Com o coração na boca. Ninguém dorme em sossego. Ninguém sabe porquê, mas está tudo a arder: economia, finanças, emprego, empresas, estado, autarquias...
Alguém nos explica?
E alguém nos dá paz?

JARDIM

De cada vez que o jardim abre a cloaca por onde vocifera umas alarvidades tenho a assustadora tentação de pensar que, afinal, os crematórios, onde morreram tantos inocentes, teriam hoje a sua utilidade.
Deve estar mesmo a precisar de férias

DESESPERO É...

... tentar circular nas estreitas ruas do Porto, com alguma pressa, tendo na frente alguém a quem há muito deveriam, em abono da segurança rodoviária, ter retirado a licença de condução.
Ou engrenar segunda, acelarar até uns estonteantes 20 km/h e assim circular por 2 km em ruas desimpedidas (mas de impossível ultrapassagem) não deveria merecer idêntica punição à do inimputável que circula, na mesma via, a 90?

quarta-feira, julho 13, 2005

PROCURADORES

Leio que o procurador-geral –adjunto (só o nome já irrita) acusou advogados e jornalistas de terem fomentado a violação do segredo de justiça no caso “Casa Pia”.
Não duvido que alguns os tenham feito.
Mas este apontar de dedo, do alto do estrado, sem olhar para o umbigo, é sintoma do estado a que chegou a investigação criminal em Portugal.
Então os juizes, procuradores, funcionários judiciais, funcionários das policias criminais, que contactaram com o processo muito antes de qualquer jornalista ou advogado o poder fazer?
Será que todos eles estão isentos de responsabilidade?
Alguém acredita que grande parte da informação veiculada não teve origem nestes agentes?
E quem os controla e acusa, sobretudo aos dois primeiros?
Ninguém.
Vivem na impunidade. Mandam em si próprios. E, quando têm que ser julgados, são-no pelos seus “semelhantes”. E a pescada de rabo na boca começa e acaba aqui.

IMÓVEIS

Toda a gente sabe que adquirir uma fracção ou um terreno escriturando-o pelo valor realmente pago é uma epopeia que poucos cumprem com sucesso.
Os “expostos” na vida pública suam as estopinhas para o conseguirem.
O estado é anualmente espoliado de milhões e milhões de euros com os cambalachos do compra por 100 mas escritura por 50. Em emolumentos notariais, em imposto de selo, em IMI (antiga contribuição autárquica), em IMT (antiga Sisa), em registos, etc.etc.
O mesmo estado que berra por os profissionais liberais não pagarem o que é devido, que se lamenta pela fuga e evasão fiscal, não mexe uma palha para acabar (ou pelo menos atenuar) este estado de coisas.
É demasiado fácil fiscalizar o construtor, o promotor imobiliário e o banco financiador. A simples conciliação bancária, trabalho que qualquer técnico de contas em início de funções sabe fazer, resolveria grande parte do problema.
Pergunta-se então por que não se faz, e se prefere continuar a correr atrás dos moinhos de ventos?
Porque fecha o estado que fecha os olhos, é o mesmo que encontrou nos milagres da OTA e do TGV (e outras obras) o relançamento da economia.
Porque o estado que não quer ver é mandado, alternadamente, por partidos que financiam grande parte da sua actividade à custa do “lobby” imobiliário.

EXAMES

Os números esmagadores de chumbos na cadeira de matemática nos exames do 9º ano deixam muito que pensar.
Estarão os estudantes a perder, genericamente falando, as suas capacidade de aprendizagem?
Será só culpa dos meninos?
E então os professores? E o programa? E a forma como o ensino é pensado?
A diferença é o que os primeiros (estudantes) chumbam.
Aos outros ninguém julga.

P.S. Apesar do imenso número de negativas em exame, muitos dos estudantes passaram, à custa da média resultante da avaliação contínua. Não me espanta que aconteça com alguns (a percentagem dos que quase conseguiram, em exame, a nota). Mas aterra-me que tenha sido com tantos. Cheira-me a aldrabice avaliativa.

quarta-feira, julho 06, 2005

FUNÇÃO PÚBLICA

O escândalo que constitui, ainda hoje, o acervo de regalias sociais que o funcionalismo público detém em comparação com o sector privado, bem mereceria tratamento mais drástico por parte do governo do que aquelas tímidas medidas que vêm sendo tomadas.
A escandalosa revolta popular revelada pelos sindicatos afectos a essa função pública, com inqualificáveis manifestações de rua barafustando contra a igualização de tratamento, então essa mereceria ainda mão mais dura.
Um mero exemplo.
Qualquer trabalhador por conta de outrém vê-lhe ser retirado do seu salário, no final do mês, 11% de taxa social.
O mesmo sujeito, afecto à função pública, vê-lhe ser retirado... 10%.
É assim há décadas.
Agora, dizem, vão passar a pagar 11% como os outros.
Por mim não chega.
Para que a dívida ficasse paga a todos os que foram comparativamente prejudicadas ao longo de todos estes anos, as contas só seriam saldáveis se, agora, e por todos os anos em que pagaram 10%, passassem a pagar 12%, até reporem o que indevidamente receberam a mais.
Se isso fosse juridicamente possível.
Porque só assim seriamos, de facto, todos iguais
Como não é, a dívida mantém-se. E tem que ser paga de outro modo.

segunda-feira, julho 04, 2005

AUTARCA



Numa altura em que milhares de pseudo-candidatos autárquicos poderão “baldar-se” ao serviço, por 30 dias, sem qualquer perda de regalias, incluindo salário, subsídio de alimentação e até de assiduidade!!!, e isto só porque se lembraram da conveniente participação cívica numa lista de partidos tantas vezes fantasmas, conviria pegar em alguns dos nossoa futuros autarcas, desses que fazem rotundas, colocam semáforos e ruas de dois sentido antes mesmo do saneamento básico, e pô-los na escola.
Naquela de onde nunca deveriam ter saído.
Como este que, numa pacata aldeia douriense, mandou escrever o que se vê.