quarta-feira, janeiro 31, 2007

ABORTO XVIII

Matilde Sousa Franco, cujo único mérito que se lhe conhece é ser viúva, encontrou o argumento mais peregrino para justificar o não: porque as crianças são precisas para amanhã serem homens e ajudarem a sustentar os velhinhos.
Já agora, dóna Matilde, porquê esperar que elas se tornem homens? Porque não voltar ao antigamente e pô-los a trabalhar mais cedo, logo aos 12 ou 13 anos, quando tomam corpo para isso? Sempre ficava mais protegida a sua velhice e gastávamos menos carcanhol a educar os labregos.

ABORTO XVII

São demagogias como esta de Bagão que, espero, conderão o não, finalmente, ao insucesso.

JULGAMENTO POPULAR

Tenho uma repulsa natural e violenta, mesmo, contra a justiça popular, dos julgamentos à porta do Tribunal com a malta a falar do que não sabe ou, pior, do que não percebe. Mas não consegui sentir pena do pai Baltasar hoje, à porte do Tribunal de Torres Novas, quando foi condenado de preceito por uma população indignada. É que tudo o que ele ouça será sempre pouco depois do abandono da filha há cinco anos. E pior a reaproximação forçada, oportunista, mediática e falaciosa que agora tenta.

ABORTO XVI

Acho que é claro para qualquer cabeça que no caso de uma vitória do sim nenhuma mulher ficará obrigada a abortar: simplesmente terá direito a optar.
Acho, também, que é evidente que uma hipotética vitória do não ditará a tirania da falta de opção.
Ora isso faz toda a diferença.

ABORTO XV

Se por hipótese fosse possível apurar quantas (sublinho o feminino da coisa) das defensoras do não, em caso de necessidade própria, já não abortaram, acho que a sondagem redundaria numa colossal vergonha para os partidários desse lado da causa.
E se mudassemos a pergunta, não perguntando directamente se já abortou mas se em caso de gravidez indesejada não o faria, então acho que o não ficaria reduzido a muito pouco.
Pregar na Igreja dos outros é sempre fácil. Mas quase sempre demagógico.

segunda-feira, janeiro 29, 2007

ABORTO XIV

"Uma gravidez desejada é a única gravidez que faz sentido"
Gostava de ter dito isto, com esta clareza, com este profundo conhecimento médico e, sobretudo, humano.
Acho que será difícil tão poucas palavras resumirem melhor um processo que pode ser tão maravilhoso quanto trágico. E uma gravidez não desejada foi, é e será sempre um processo trágico. Com um preço enorme, antes de mais, para o ser que aí vem.

TERRITÓRIO

Despudorada a forma como João Soares comentou na SIC Notícias o actual estado da Câmara de Lisboa.
Ainda o cadáver do Carmona está morno e os abutres já lhe rondam a carcaça.
Ao acto de contrição, quando afirmou que tudo estava como está "também por culpa do meu partido", só faltou a mãozinha no peito. E, já agora, oferecer-se como lapa para se agarrar outra vez à cadeira. A política parece-se, de facto, cada vez mais com uma selva. Haverá diferença entre esta posição de Soares e as de um qualquer leão ou tigre, numa estepe africana, quando delimita o território alçando a pata?

ABORTO XIII

O PS prometeu hoje empenhar-se a fundo na campanha do aborto em defesa do sim.
O Primeiro Ministro já começou: pirou-se para a China e, assim, afoga já uma semana.

domingo, janeiro 28, 2007

ESTREIA

A ignorância impediu,até hoje, a "postagem" musical aqui no crítico.
Mas como só burro velho é que não aprende (e, convenhamos,a apredizagem não foi assim tão complexa), aqui está a estreia com Dzihan & Kamien, dupla particularmente do agrado aqui do crítico, e que tive já o privilégio de ver em duas actuações no Porto.
Para breve (quando a ignorância for ligeiramente menor) uma "play-list" nascerá aqui ao lado.
Até lá deliciem-se com Home Base

sábado, janeiro 27, 2007

FALHANÇO

BCP ADMITE QUE OPA SOBRE BPI FALHOU.
Segunda boa notícia do Sábado.
Começa bem o fim-de-semana.
Chora-se a Opus dei.
Rio-me eu.
Será sempre assim.

FULMINANTE

TLEBS suspensas.
Será que o bom senso os fulminou.
Poderemos ter esperança, por exemplo, de também ver suspenso o plano urbanístico da Costa Vicentina?
Nah. Acho que era pedir "bom senso a mais" ao Pinho e aos amigos.

MAR

"Sei que há léguas a nos separar
tanto mar, tanto mar
sem também quanto é preciso, pá
navegar, navegar"

Xico Buarque de Hollanda

sexta-feira, janeiro 26, 2007

AMANTES

Ah quanto eu queria navegar
pra sempre a barca dos amantes
onde o que eu sei deixei de ser
onde ao que eu vou não ía antes

E que em toda a parte o teu corpo
seja o meu porte estandarte
plantado no seu mais fundo
possa agitar-me no vento
e mostrar a cor ao mundo

Sérgio Godinho, in “A barca dos amantes”

quarta-feira, janeiro 24, 2007

PROPAGANDA II

A propaganda segue de vento em popa. Cada medida do Governo é anunciada duas e três vezes. A injecção, através da instrumentalização dos canais à disposição (Lusa, RTP e RDP) é diária e acertiva. Quem não andar atento julga, até, que a obra é muita.
Os jornais de terça anunciaram, com pompa e circunstância, que a partir de agora vai ser possível fiscalizar as ausências ao trabalho por motivo de doença; e que bastará para isso que o patronato, que não acredite na bondade da justificação apresentada pelo seu empregado, requeira fiscalização sucessiva à Segurança Social.
O Governo trabalha. Luta contra as injustiças, pensa quem não sabe.
A verdade é que a medida já está implementada e em vigor desde 1.12.2003, tendo sido obra do então ministro Bagão Félix.
A única coisa que o actual Governo fez relativamente ao que já estava em vigor foi imputar uma taxa de 40 euros (que o Código de Trabalho em vigor não referia) às empresas que requeiram esse serviço. No fundo, a grande medida do Governo foi, pela porta do cavalo, cobrar mais uma taxa para que se realize uma obrigação que ele, Estado, tem função de velar: o cumprimento da legalidade. Mas, pela propaganda, o que fez foi implementar um sistema que, dirão todos, até os faltosos, é justa e equitativa.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

ABORTO XII

O puro e duro terrorismo verbal por onde a Igreja está a entrar na discussão sobre o aborto é bem indiciador da impossibilidade de com ela travar uma discussão séria.
A ameaça de excomunhão a quem praticar aborto que ouvi a um troglodita de sotaina só não me deixou parvo porque, malogradamente, os conheço bem demais. Nus de dialéctica, vivem no saudosismo da razão pela força. E quando não vai de argumento, vai de ameaça. Excomunhão, e não fazem por menos. E então que merecerá essa cobardia secular, de filhos semeados no segredo das paróquias e do beatério, camuflados numa castidade falsa como Judas? Que poderão pedir esses filhos de pai incógnito, tantas vezes vergados à miséria da paternidade renegada? A fogueira? Para os covardes, claro está.

TIESTO

Há gente privilegiada, que tem a sorte de andar por estas bandas quando acontecem coisas destas.

sábado, janeiro 20, 2007

JAIME

"Aceitei defender Salazar porque foi um político honesto, competente, inteligente, que Governou o país num século de guerras e crises"
Jaime Nogueira Pinto
Tradução:
"Digeri mal essa coisa da democracia e gosto de protagonismo à brava ".
Proponho abertura de peditório para comprar uma cadeira.

JUSTIÇA FORMAL

Não sei o que é mais preocupante: se a decisão da juíz de Torres Novas em mandar o sargento Luís Gomes cumprir seis anos de prisão se as declarações que proferiu posteriormente, dizendo-se de consciência tranquila por se ter limitado a aplicar a lei.
Estou certo das convicções da magistrada. Não duvido um centímetro do convencimento que lhe vai na alma de ter agido de forma justa, porque legal. Ela não vê.
Não lhes ensinam no CEJ a diferença entre formal e material. Isso só vem da vida. Da tarimba. Que, enclasurados em gabinetes de justiça, muitas vezes não sabem o que é. Por isso sempre defendi que obrigar qualquer Juiz de Direito, antes de o ser, a calcorrear os passos da vida (magistratura do Ministério Público, como se fazia antigamente, dar consultas jurídicas, integrar comissões estatais - como as de menores) era do mais elementar bom senso. De certeza que evitaria o drama dos muitos "sargentos".

RESPEITO


Quando é que os senhores juizes vão passar a ser obrigados a emitir despachos dactilografados e legíveis aos olhos dos destinatários. Coisas como esta aqui ao lado apenas revelam falta de respeito por quem tem que decifrar a bagunça criada pelas letras no papel. E ajudam a levantar um bocado o véu do estado de (alguma) magistratura

BIOLÓGICOS

Há entre nós um desmesurado culto do espermatozóide e do óvulo.
Parece que tudo começa e acaba aí. O resultado da união dos dois é, para muitos, mais sagrado que a própria existência.
Esta obediência aos donos dos ditos cujos é cega. Ao ponto de sacrificar a vida de uma criança ao interesse dos progenitores biológicos.
E não falo a propósito, apenas, do caso do sargento, que agora nos apaixona. Falo daquilo que são as decisões judiciais com que me tenho cruzado, do que conheço da doutrina a propósito do assunto.
São milhares as crianças em Portugal entregues a pais biológicos que não passam de verdadeiros cretinos, máquinas de produção humana sem qualquer qualificação para o ser. São centenas as que esperam, às mãos desses energúmenos (ou muitas vezes em instituições sem quaisquer condições) por uma adopção que demora anos. São inúmeras as que, ainda em tenra idade, são obrigados a conviver, depois de divórcios mal curados, com progenitores que apenas as utilizam como armas de arremesso. Porquê? Porque são os pais biológicos. Os donos do espermatozóide e do óvulo. Que a lei e uma moral balofa protegem até ao limite.Afinal, quando discutimos tão acesamente o aborto livre até às 10 semanas, não devíamos estar antes mais preocupados com a “verdadeira vida”? A vida dos afectos. A vida do sofrimento. A vida com falta de dignidade.

quinta-feira, janeiro 18, 2007

OS NÃO...

O histerismo que está a tomar conta dos movimentos anti-aborto é um bom pronúncio para o resultados do referendo. Mas nem por isso devemos esmorecer ou arrefecer. Eles são financeiramente dotados e demagogicamente imbatíveis.

CRAVINHO E OUTRAS FLORES DE CHEIRO

É miserável o desmambramento sucessivo do projecto Cravinho anti-corrupção a troco de um cargo de luxo providencialmente situado em... Londres.
As justificações, esfarrapadas, arrancadas em declarações patéticas quer pelo próprio quer pelo demais grupo parlamentar do PS, apenas revelam o descaramento useiro dos protagonistas (com destaque para o inefável Vera Jardim).
A alma tem preço e o de Cravinho é baixo.

O TRIUNFO DA FALTA DE VERGONHA

Em entrevista Zita Seabra disse situar-se, actualmente, à direita de Marques Mendes.
Fez a apologia do liberalismo norte-americano, criticou a ortodoxia comunista e, em bicos de pés, suspirou por um comentário político em televisão.
Num instante recuei uns anos, ao filme "O triunfo dos porcos".

quinta-feira, janeiro 11, 2007

GAL

É impressionante a limpeza que escorre da voz de Gal Costa.
Não consigo esgotar a vontade de a ouvir.

SILÊNCIO

"Silence like a cancer grows"

Paul Simon e Art Garfunkel

AUTO-ESTIMA

Um novo diploma legal, publicado a propósito das custas judiciais (portaria 1433/2006) refere, no seu art.º 2 que “As quantias devidas a título de custas, juros de mora ou multas são pagáveis nos terminais Multibanco ou através do sistema de Homebanking”.
Conseguiremos imaginar uma lei inglesa rematar uma alínea com a expressão “banco de casa”?
A auto-estima nacional é coisa que, pura e simplesmente, não existe. Estamo-nos a borrifar para o país que nos deixaram há 800 anos, e a falta de respeito pela língua é o exemplo mais gritante. Sem pudor pomos a nú a nossa subserviência, bem patente na proposta do Bloco de Esquerda, que quer ver ser ensinado nas escolas públicas portuguesas a língua dos emigrantes (russo, romeno, moldavo, sei lá que mais).
Temos a mania de ser mais papistas que o papa. Armamos ao democrata e o resultado está à vista. Depois admiram-se que numa sondagem a maioria dos portugueses tenha revelado indiferença (ou até preferência) por sermos “colonizados” pelos espanhóis.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

LAICISMOS

Afinal o Estado não é laico.
Ou então a DGCI já não é um organismo do estado, mas um feudo do Dr. Paulo Macedo.
Vou mais pelo segunda hipótese.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

CRESCIMENTO ECONÓMICO

Quando o crecimento económico tem no consumo a sua pedra basilar o resultados é, invariavelmente, este. E, de repente, os exemplos deixa de o ser...

domingo, janeiro 07, 2007

CONSUMO

Acabou o Natal vieram os saldos. Os centros Comerciais continuam cheios. Apinhados, diria. A sociedade do consumo está contente e floresce. A minha visão autodestrutiva da sociedade incrementa-se.

EVANGÉLICO

São sindicalistas como Joaquim Evangelista, que teve a ideia peregrina de sugerir uma tributação mais benévola para os futebolistas, por se tratar de uma profissão de desgaste rápido, que levam a que o sindicalismo esteja no estado em que está e tenha a credibilidade que tem.
A falta de pudor com que o propôs, recheada de uma demagogia tão descarada quanto fácil - a greve (as greves fazem-se contra as entidades patronais, não contra o país ou o Estado, salvo se for este o empregador) mereciam justiça de Fafe que o ensinasse a não fazer de nós parvos. Acaso um médico, sujeito a urgências semanais, tem menor desgaste? E um piloto da força aérea? E o lixeiro, que corre todos os dias atrás do camião? E vamos propôr taxas bonificadas para todos? Já agora, proponho mais uma: para o Evangelista que dificilmente conseguirá manter a performance das ideias estapafúrdias, prevendo-se a perda de utilidade profissional ainda na flor da idade.

CÓPIAS CINEMATOGRÁFICAS

Acharão mesmo os produtores cinematográficos que quem está disposto a copiar (piratear, como se diz em TLEB) um filme se demove com a seca dos dois minutos que nos pregam em cada DVD que alugamos nos clube vídeo, com a conversinha de que a cópia é ilegal, criminosa mesmo, e que pela mesma razão que não roubamos uma carteira a uma senhora na rua não devemos copiar um filme?

7 MARAVILHAS

A eleição das denominadas 7 maravilhas de Portugal é um concurso inquinado às nascença.
Ao contemplar, apenas, construções feitas pelo homem, não conseguiu identificar (e consequentemente não conseguirá eleger) as maiores maravilhas do país. Porque razão uma maravilha feita por mão humana é mais importante, nobre ou “maravilhosa” do que uma desenhada pela natureza? Porque é que o Mosteiro dos Jerónimos não aparecem a concorrer, por exemplo, com o alto Douro vinhateiro, soberbamente sulcado, visto do alto de S. Leonardo de Galafura?

sexta-feira, janeiro 05, 2007

MEXIA

O doutor Mexia, que já foi ministo (do governo Santana, é certo) enviou aos tugas consumidores de energia um prospecto - que chamou teste - a ensiná-los a poupar energia.
Por três vezes sublinha que essa poupança passa pelas... televisões que temos em casa:
"Evitar ter a televisão ligada apenas para ter companhia"
"Evito ligar várias televisões em simultâneo"
"Desligo os equipamentos (televisão...), não os deixando em stand by (que é o modo português de dizer em espera"
Que o doutor Mexia, que ganha uma fortuna na EDP, estoire o dinheiro em propectos caros, feitos a cores, para dizer inutilidades, já é mau. Mas que o doutor Mexia, que já foi ministro, seja ignorante ao ponto de não saber distinguir um televisor de uma televisão, é de bradar aos céus. Houve um tempo (saudoso tempo) em que esta calinada dava chumbo certo e reguada na 4ª classe. Mas o doutor Mexia é do tempo de Bolonha e das TLEBS.

ANA GOMES

Ninguém enfia um tapume na desbocada Ana Gomes? Anda histérica a mulher...

quarta-feira, janeiro 03, 2007

AUTISMO

A Ministra da Educação portuguesa nunca compareceu numa reunião com os seus homólogos da União Europeia.
Ora, sendo eu dos que acreditam que, em algumas matérias (com a educação em primeiro plano) apenas desaprendemos com a nossa integração (benditas escolas primárias, cursos universitários inteiros - e não da treta -, exames e chumbos em todos os anos da escolaridade), é a atitude da ministra que me choca. É bem reveladora do autismo que caracteriza a mulher e de que a classe professoral tanto se queixa.
É o orgulhosamente sós no seu pior.

NÃO HÁ PAI

“Quanto mais ignorante é o povo maior é o pai” disse, creio, Carlos Paredes.
Verdade insofismável.
Em Vieira do Minho o tempo parou. Não “pasa nada”.
Dois contrastes. A Câmara Municipal ergue-se em milhares de luzes natalícias, engalanada para uma cidade que tem pouco mais de uma dúzia de enfeites. Nas traseiras o Volvo S80 do senhor presidente sobressai no restante parque automóvel, modesto e ultrapassado.
Mais acima um quartel de bombeiros que dava para albergar 40 famílias.
Não temos emenda.

terça-feira, janeiro 02, 2007

JANEIRAS

As Janeiras... mesmo debaixo da minha janela, no Porto. Do mal o menos. Antes aqui que nada.
De um sopro rebobino 25 ou 30 anos. Recuo ao encanto de as ouvir cantar debaixo da lua fria de Cete. A minha aldeia. Onde as Janeiras tinham verdadeiro sentido.