Nós, os latinos (há quem entenda nós, os católicos), não sabemos cortar a direito. Não sabemos reformar. Vamos a reboque. Foi sempre assim e esse é o nosso carma.
Perante o cenário de crise das dívidas públicas dos PIIGS, o que fez a Irlanda e o que fizemos nós, a Espanha ou a Itália?
A Irlanda cortou, de imediato, salários e privilégios (de forma duríssima), congelou as contratações públicas e acalmou os mercados. Isto foi há dois meses. Não mais ouvimos falar do défice e do perigo do seu incumprimento.
Nós e os espanhóis, que estamos em muito pior condição que os irlandeses, esperamos. E até nos demos ao luxo de aumentar a despesa, com a assinatura do contrato do TGV
Só ontem Espanha anunciou medidas que, ainda assim, não chegam às irlandesas.
Hoje Portugal está a discutir as suas.
Porém, e mais uma vez, vamos aos soluços. Vamos subir o IVA só 1%. Tributar só o 13º mês.
Não chega, meus senhores. Não vai chegar e não vai demorar um mês a terem que rever tudo.
O pior éo preço.
Quando a Irlanda mexeu, a dívida pública portuguesa pagava taxas de juro de 3%. Hoje, e em face do medo (e especulação) dos mercados, pagamos a mais de 6%. And counting.
Esta irresponsabilidade endémica arruina-nos. Gostava de ver o preço que custaram estes 3% a mais de juro só porque Sócrates é um irresponsável e fez de conta que não via o que é óbvio. E quanto nos vai custar ainda a falta de rumo que continuam a ter, com medidas que, embora duras, estão ainda longe de permitir atingir as metas necessárias.
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