Já perdi a conta às vezes em que aqui escrevi que não me iludia com o clima de cordialidade e cooperação institucional dispensada por Cavaco ao Governo.
Venho referindo, amiúde, que mais dia menos dia, o regime de ingerência começaria. Fi-lo aqui, aqui ou aqui. É que está-lhe no sangue. Cavaco é mandão. Paizinho. É muiiiiiito do que de pior pode existir num professor.
Dos três vetos políticos mais recentes, há um que choca qualquer mente democrática: a da lei da responsabilidade civil extracontratual do Estado.
Aprovada por unanimidade pelo parlamento, é óbvio que, se ainda restar um pingo de coerência política aos partidos, o destino do veto é a descida ao plenário, a nova aprovação e a obrigatoriedade constitucional de Cavaco a promulgar.
Por isso, pergunto: porque é que Cavaco a vetou?
Das duas uma: ou espera conseguir ingerir-se no trabalho político do seu ex-partido, colocando-o entre a espada e a parede e obrigando-o a "desvotar" a lei que votara. E marca a agenda da oposição.
Ou quis mostrar a Sócrates que o seu estado de graça presidencial terminou. E marca, a ferro quente, a do Governo.
1 comentário:
welcome back! queremos mais posts destes. análise lúcida do que se vai passando escondido na silly season...
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