Ontem vi um lacaio, mandatário e mero exequente, rogar perdão ao mandante por ter invocado o seu nome em vão em negociata que todos sabemos ter sido escrupulosamente executada no estrito cumprimento do dito mandato. E vimos o parlamento amouxar à arrogância do imberbe.
Ontem vimos uma tríade de juízes (serão mesmo, de corpo inteiro?) absolver um corruptor, enxovalhando o corrompido denunciador, e assim fomentando o imenso lodaçal em que se transformou o poder autárquico e o licenciamento de obras.
Ontem vimos uma deputada, que aldrabou a morada, beneficiar do beneplácito do terceiro magistrado da nação e poder viajar semanalmente, em classe executiva, entre Lisboa (onde vem de férias) e Paris (onde verdadeiramente vive).
Ontem vimos todos, nu e inteiro, um país medonho, amedrontado e serviçal, corrupto e traficado, incapaz de atacar o medo e o mal.
Ontem vimos um país que é uma verdadeira camorra.
Ontem senti nojo desta pseudo-democracia. Senti repulsa pelo nome Portugal e pela imensa esterqueira em que se converteu. Uma pocilga onde a lama pode mudar, mas onde são sempre os mesmos suínos a chafurdar à procura das bolotas.
Ontem senti ganas de correr tudo à bastonada: governo, juízes (alguns), deputados e toda a corja soberana que nos aprisiona e quarta o futuro. Zurzir até lhes fazer saltar os olhos das órbitas. Fustigá-los e queimá-los, em fogueira viva e na praça pública, à moda da idade média, a título de exemplo e de moralização.
Mas hoje caí em mim.
Voltei a perceber o que já há muito sabia e sei: não há remédio. Não temos futuro. Somos uma imensa massa de gente a caminhar alegremente para o abismo.
sexta-feira, abril 23, 2010
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário