domingo, outubro 15, 2006

ABORTO VII - PSD

No capítulo do aborto a direita (e incluo aqui PSD e PP) tiveram sempre uma posição ambígua, mais simulada que verdadeira.
Fazem-no. Praticam-no em boas clínicas, pelas razões mais egoístas e menos humanas (a menina a quem o filho vai estragar os estudos, a vergonha da gravidez, o inconformismo da mãmã). Mas sempre às escondidas, de tercinho na mão e muito acto de contrição pelo meio. A salvação está conseguida.
Fizeram-me sempre lembrar o padre da paróquia, cheio de filhos e de consolos de alcova, a negar, peremptoriamente, o seu envolvimento e a defender, com unhas e dentes, o celibato.
O PSD de Marques Mendes não tem posição sobre o aborto. Não vai sair à rua em defesa de nenhuma posição.
É certo que a derrota anunciada do beatério do não, que tanto povoa o partido, podem fazer compreender a opção política. Mas nunca justificá-la. Esta história de não ser fracturante em questões de “índole pessoal” é a forma mais treteira de discutir um problema sério como o aborto. Que fazem dos partidos verdadeiro Zoológios da moral, onde cabe sempre o maior liberal ou o ortodoxo mais convencional.

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