sexta-feira, outubro 27, 2006

ABORTO IX

De todas as formas que há para discutir o aborto, de todos os argumentos utilizáveis, o da discussão em torno do conceito vida é o mais estéril e perigoso.
Que o feto é um ser, que é uma forma de vida e que não há direito de a ceifar é um “cliché” caro aos defensores do não onde se agarram com unhas e dentes.
De uma vez por todas os que apoiam o sim deviam “dar de barato” que, a partir da concepção, de facto, existe qualquer coisa que, se não é vida, é muito semelhante a ela.
De uma vez por todas esse não devia ser o ponto de chegada da discussão mas sim de partida. Assumirem, os que defendem o sim, que pese embora essa mutação humana (ou pró-humana), esse ser ou projecto de ser, ainda assim apoiam, nas circunstâncias a referendar (ou outras que eventualmente advoguem – sim, que há muitos níveis de aborto, e nem todos os sins me servem), a decisão livre de abortar.Ao invés tenho assistido que aos argumentos do “choradinho”, muitas vezes mais novelescos que propriamente científicos ou sociais, têm os apoiantes do sim respondido com uma discussão sobre o que é, ou não é, vida. Desde quando somos um verdadeiro ser humano. E isso é fazer o jogo do adversário porquanto entendo que a discussão em torno do aborto é mais, muito mais, do que é ou não vida. Devia ser muito mais em torno de se ela vale, de facto, a pena.

1 comentário:

Anónimo disse...

concordo...
mas outras das coisas que me preocupa é o de não saber quais as condições actualmente previstas por lei para o aborto, que julgo existirem. É que esse é um dos motivos pelo qual ainda pouco me pronuncio sobre o referendo que se avizinha. Não sei de que base legal partimos para esta discussão, talvez me possas ajudar num próximo post chamado aborto X em que exponhas os casos previstos...