Há duas grandes espécies de proprietários de carros vermelhos (e não encarnado como os arrebiques lisboetas tentam, à força, impor): o parolo sexagenário e o pica recém encartado.
O primeiro é ferrenho lampião, tem no clube o culto da sua vida e, às vezes, a única razão válida para continuar a gastar oxigénio.
Conduz de forma miserável, desrespeita (porque não conhece) as regras estradais e é um verdadeiro atentado à desejada diminuição da sinistralidade.
Na auto-estrada circula sempre pela esquerda, não vão os outros pensar que não sabe andar “de força”. Piscas é mentira, que gasta. Assim como as luzes (sempre com os mínimos). Pneus na lonas (que são caros) mas a matrícula é sempre das brancas, com ano de construção e tudo (nem que o carro tenha já vetusta idade, como é normalmente o caso).
Vê-los com a patroa é uma delícia. Sobretudo aquela que tricota em longas tardes plantadas à beira mar enquanto ele, diligente, ressona muitos décibeis acima do legalmente permitido , sonhando com as vitórias do glorioso, enquanto o rádio, aos berros, debita nas colunas da porta entreaberta mais um dia de calvário da águia.
Circulam de Datsun, BMW série 300 (antiga) ou 2000, “Táiota Carola” ou “renálte” (vulgo Renault) super cinco. Os mais endinheirados abraçaram os KIA ou os Hiundai.
Têm o veículo sempre a espelhar e este só vê a luz do dia uma vez por semana, na saída domingueira, quando atestam 5 “ouros” de Super aditivada para os 5 kms da praxe. Mas quando ficam na rua, por falta de garagem, nem por isso os bólides têm tratamento menor: é vê-los cobertos, a semana inteira, com umas lonas cinzentas ou, nos casos mais requintados, com umas mantas, com a matrícula gravada à frente e atrás.
Já o pica é de outra loiça.
Este é um ferrenho adepto do tuning tanto quanto o é, também, dos lampiões. Mais sofisticado, porém, divide os seus interesses pelas “disco nites”, umas garinas, o transformismo automóvel (onde derrete o salário e muitas vezes um qualquer subsídio de que sobrevive). Transporta em acessórios mais do que o valor real do carro. Ele é o rectrovisores transformados, os faróis de “élógénio”, o “aileron” em fibra, colunas de 500 “ótes” para ouvir melhor o Tóni Carreira ao domingo, debaixo da primeira sombrinha. Nessas tardes os vidros estão quase todo o tempo embaciados, cobertos de jornais.
Curtos de massa, deslocam-se a 20 kms/h para “não gastar muita gota” e, além disso, para que em virtude das suspensões rebaixadas “não deiam cabo de carter”. Mas se estão em dia sim, ninguém os “trepassa”. “Acelaram” até ao corte de rotação, espremem os “cabálos” proporcionados pelos kits ilegais até à exaustão, e chegam à noite ao café cobertos de glória, tesos como uns carapaus e a precisar de “gamar” qualquer coisa para as reparações necessárias no bólide. Civic, Uno Turbo i.e, Punto GT, são as máquinas predilectas .
O primeiro é ferrenho lampião, tem no clube o culto da sua vida e, às vezes, a única razão válida para continuar a gastar oxigénio.
Conduz de forma miserável, desrespeita (porque não conhece) as regras estradais e é um verdadeiro atentado à desejada diminuição da sinistralidade.
Na auto-estrada circula sempre pela esquerda, não vão os outros pensar que não sabe andar “de força”. Piscas é mentira, que gasta. Assim como as luzes (sempre com os mínimos). Pneus na lonas (que são caros) mas a matrícula é sempre das brancas, com ano de construção e tudo (nem que o carro tenha já vetusta idade, como é normalmente o caso).
Vê-los com a patroa é uma delícia. Sobretudo aquela que tricota em longas tardes plantadas à beira mar enquanto ele, diligente, ressona muitos décibeis acima do legalmente permitido , sonhando com as vitórias do glorioso, enquanto o rádio, aos berros, debita nas colunas da porta entreaberta mais um dia de calvário da águia.
Circulam de Datsun, BMW série 300 (antiga) ou 2000, “Táiota Carola” ou “renálte” (vulgo Renault) super cinco. Os mais endinheirados abraçaram os KIA ou os Hiundai.
Têm o veículo sempre a espelhar e este só vê a luz do dia uma vez por semana, na saída domingueira, quando atestam 5 “ouros” de Super aditivada para os 5 kms da praxe. Mas quando ficam na rua, por falta de garagem, nem por isso os bólides têm tratamento menor: é vê-los cobertos, a semana inteira, com umas lonas cinzentas ou, nos casos mais requintados, com umas mantas, com a matrícula gravada à frente e atrás.
Já o pica é de outra loiça.
Este é um ferrenho adepto do tuning tanto quanto o é, também, dos lampiões. Mais sofisticado, porém, divide os seus interesses pelas “disco nites”, umas garinas, o transformismo automóvel (onde derrete o salário e muitas vezes um qualquer subsídio de que sobrevive). Transporta em acessórios mais do que o valor real do carro. Ele é o rectrovisores transformados, os faróis de “élógénio”, o “aileron” em fibra, colunas de 500 “ótes” para ouvir melhor o Tóni Carreira ao domingo, debaixo da primeira sombrinha. Nessas tardes os vidros estão quase todo o tempo embaciados, cobertos de jornais.
Curtos de massa, deslocam-se a 20 kms/h para “não gastar muita gota” e, além disso, para que em virtude das suspensões rebaixadas “não deiam cabo de carter”. Mas se estão em dia sim, ninguém os “trepassa”. “Acelaram” até ao corte de rotação, espremem os “cabálos” proporcionados pelos kits ilegais até à exaustão, e chegam à noite ao café cobertos de glória, tesos como uns carapaus e a precisar de “gamar” qualquer coisa para as reparações necessárias no bólide. Civic, Uno Turbo i.e, Punto GT, são as máquinas predilectas .
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