sábado, fevereiro 20, 2010

SAIDA DE CENA

Há gente que vê o poder como uma cantão, ou um feudo. Só seu.
A candidatura de Fernando Nobre, apadrinhada por Soares como puro revanchismo para a lição de democracia que levou nas últimas presidenciais, é sintoma claro desse apego.
A divisão da esquerda vai ser óbvia e Cavaco arrisca um passeio sereno até Belém.
No final Soares ficará satisfeito com o seu umbigo. Porque no fundo no fundo, está-se a borrifar para os ideais que sempre apregoou e, em tempos, cultivou.
Não saber sair de cena é dos espectáculos mais degradantes que qualquer figura pública pode prestar a si mesma.

4 comentários:

Anónimo disse...

Conjecturar que um homem da envergadura intelectual e com o percurso de Fernando Nobre se candidata porque o amigo Mário Soares lhe sugeriu chega a ser caricato. Se Alegre (que apoiei quando foi candidato e foi uma grande desilusão) pensava que o cenário seria o mesmo pois está redondamente enganado. Lá pretensão não lhe falta. Se há coisa que me irrita é quem toma seja o que for para adquirido. Tudo muda. Assim de repente quer-me parecer que será apoiado (queimado) por Sócrates que vai ter a amabilidade de lhe dar lenha para se queimar. Concordo que a candidatura divida. Percebo os argumentos de Alegre e ainda acho que daria um bom presidente, mas há incoerências imperdoáveis. A esquerda que se entenda, ora essa. Salgado Zenha também se candidatou a par de Soares. Não veio mal ao mundo por isso. Era um excelente candidato. Depois Alegre a par de Soares. Na altura surgiram dois candidatos do PC e BE que esses sim dividiram a esquerda. Muito me espanta que o BE apoie Alegre agora quando podia ter contribuído para fortalecer uma candidatura que tinha todas as condições para ganhar e à época não o fez. Pior, apontou o dedo aos apoiantes do BE que o fizeram. Alegre perdeu para grande frustração minha. Enfim, na política como na vida, quem quer vai a jogo e prepara-se para tudo. A esquerda perde. Claro que sim. De qualquer modo, só se pode queixar de si mesma.

Joana Neto

Anónimo disse...

Por adquirido aliás.

GM disse...

Sabe Joana, a minha conjectura é tão "caricata" como a sua. Eu acredito que Nobre só se candidata a pedido e pressão de Soares. V/ não. Não vejo é onde esteja a graça...
Basta ler a imprensa das últimas três semanas e antevia-se isto, tal qual aconteceu. E basta olhar para o percurso político de Nobre para as certezas serem ainda maiores.
Sabe já passei a fase de acreditar que em política há coincidências. É que também eu fiquei muito frustrado com o espectáculo pós eleitoral de Alegre. E aí morreu de vez a minha ingenuidade.

Anónimo disse...

A confirmar-se o que diz, infelizmente há indicadores de que possa ter razão, é absolutamente caricato, reformulo, que Nobre o tenha feito. Por amizade? Em que condições estaria Soares de o pressionar? Se vierem a lume evidências disso morre a credibilidade que ainda possa ter. Sei bem que tem contradições. Aliás considero que o facto de ser presidente da AMI o devia inibir de inevitavelmente colar uma ONG a uma visão política. (Como a AMI enquanto ONG tem muitas contradições. É outra questão). Frustra ver que não há candidatos credíveis.
Admito que possa estar certo.Infelizmente. (JN)