Passamos a vida a encher a boca que isto assim não vai lá, que somos um país desgraçado, que não temos cura.
Mas raramente vejo concretizarem-se em palavras os fundamentos das afirmações.
Durante meses uma comissão experiente (de sábios, como era costume dizer-se) estudou e agora propôs um Código do Bom Governo das Sociedades.
Seis empresas cotadas em bolsa (BES, BCP, PT, Mota Engil, ZON, EDP, Brisa, Jerónimo Martins) votaram contra o documento o que ditou à demissão dos pensadores do projecto.
Tudo vai ficar em águas de bacalhau.
Curioso é analisarmos o porquê do chumbo.
O documento propunha, entre outros, que a política de salários das administrações seja da competência das Assembleias Gerais (ou seja, dos donos do dinheiro investido) e a divulgação pública dos negócios entre gestores e as empresas.
Está bom de ver porque foram estas as primeiras empresas a chorar baba e ranho e a recusar as propostas.
Mas também está bom de ver porque razão vamos continuar a viver neste sistema podre e de compadrios, onde as faces ocultas são uma mera ponta do muito gelo que está por debaixo.
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