quinta-feira, novembro 30, 2006

CIDADE

Centímetro a centímetro, atropelando passadeiras, cruzamentos e semáforos, numa colossal demência colectiva, buzinamos, berramos, acelaramos e definhamos no trânsito.
Agarramos o volante como uma lança, o manípulo das velocidades como uma G3, no acelarador carregamos como no lança chamas, e fazemos da chapa e do chassis a nossa armadura. Saímos de casa confiantes: hoje vou ultrapassar toda a gente e fazer os 5 km em menos de meia hora.
Porém, não conseguimos.
Aprendemos? Não.
Amanhã fazemos igual: vamos todos no "bem bom". De carrinho é que é.
As cidades (ou as pessoas que as fazem) não têm remédio.

RISOTA

Não fosse o asunto demasiado sério e os lideres da oposição de direita em Portugal seriam uma verdadeira comédia.
Assim são uma tragédia.

terça-feira, novembro 28, 2006

CAÇADOR

Há pouco o terminou no Hollywood a resposição do Caçador.
Um filme que me marcou como o ferro. Tanto que há muito que não sou capaz de o rever, pese embora o desejasse.
A actualidade que encerra leva-me a pensar se os "américas" não aprendem com a história ou se o "sangue" faz mesmo parte do seu modus vivendi.
Ir para o Iraque já foi suficientemente estúpido. Reeleger o mentecapto que os mandou para lá isso já é demência colectiva. Só eles é que não vêem.

segunda-feira, novembro 27, 2006

GERAÇÃO BOLONHA

O novo processo de Bolonha está a levar para a Universidade analfabetos (ou quase) num processo cujas consequências serão, no médio prazo, muito mais nefastas do que aqueles que ocorreram com a liberalização selvagem do acesso ao ensino superior no consulado de Guterres.
Para quem eventualmente não saiba, as universidades estão a ficar povoadas por gente que, por vezes, não tem a escolaridade obrigatória. Por almas que não sabem escrever nem multiplicar. Por gente que não tem a mínima noção daquilo em que se está a meter.
Os estabelecimentos de ensino privado esfregam as mãos e enchem os bolsos. Mesmo o ensino público, obrigado que está a vergar à lógica mercantilista, lá vai abrindo as portas, ainda que com maior resistência.
As consequências são óbvias: vamos criar os país dos “doutores analfabetos”; assistir ao decréscimo de qualidade da mão de obra (supostamente) qualificada; o aumento do desemprego nos licenciados; o exponenciar das frustrações de um geração enganada; uma crise grave numa franja populacional que devia ter tudo para singrar.
O mercado, esse julgador implacável, vai ser fatal para esses licenciados. Vai pô-los a varrer e a atender.Nessa altura sim, a reforma encetada por Veiga Simão, e continuada à altura pelos ministros sucedâneos, estará concluída.

DESIGNERS

Acho que um dos entretenimentos desses “designer new-age” é conceber objectos de utilidade diária que o utilizador não consiga compreender como funcionam.
Quem nunca esteve no wc público à procura, durante 20 ou 30 segundos, do modo de a água do lavatório correr? Será por sensor? Por bomba de pé? Um manípulo escondido? Sopro? Telepatia?
A figura de urso que sinto fazer de cada vez que me vejo numa situação dessas só me inspira violência contra esses seres cuja utilidade é tornar inúteis objectos úteis.
Compreendo agora que devem ser já um sub-produto "geração Bolonha"...

quinta-feira, novembro 23, 2006

CHOQUE TECNOLÓGICO

- “Não quer enviar isso que me está a dizer por fax? Sempre é uma prova...”, respondeu-me a interlocutora de uma repartição pública, voz de meia idade.
- “Minha senhora”, respondi, “já remeti por e mail. Penso que é a mesma coisa”.
- Silêncio prolongado. “Bem isso não sei. Male? Por fax fica com prova, mas o senhor é que sabe”
- “O e mail é igual”, respondi incrédulo.
- “O Senhor é que sabe. Se fosse eu mandava por fax”.
Como é óbvio remeti por fax.

terça-feira, novembro 21, 2006

3X4X3

O sistema de três defesas, em que o inimputável Adriaanse tanto insitiu, ficou mais uma vez provado ser um autêntico suicídio, sobretudo na Liga dos Campeões. Que o diga o CSKA que apanhou 2 do FC Porto mas não espantaria ter levado mais um ou outro.
Por isso reafimo: a grande decisão do ano no FC Porto não foi a contratação de nenhum jogador mas a descontratação do holandês.

UM SONHO BONITO É...

...acordar com a notícia:
"Foi nomeada a Comissão Liquidatária do Benfica.
Correm éditos de 30 dias para reclamação de créditos.
Foi emitido mandado de captura contra presidente e demais direcção por suspeita de insolvência fraudulenta."

segunda-feira, novembro 20, 2006

NEM MAIS NEM MENOS

Complacência é o nome de uma das incubadoras em que Santana Lopes vive.
JPP in Abrupto.

BANCA II

3 minutos de prós e contras.
Uma só qualificação para o argumentário dos defensores da posição da banca no arrendondamento das taxas de juro: vómito.
Mudança de canal imediata. A bem do não rebentamento da úlcera que, por esta altura de certeza que já me tenta furar o duodéno.

BANCA

Poderemos ainda alimentar a ilusão de virmos um dia a escapar ao despotismo esclarecido da banca? Ou será que um destes dias vamos chegar à conclusão que já não vale a pena irmos votar, a fazer de conta que alimentamos a democracia . Que o verdadeiros governos são maçons ou opus dei travestidos de sociedades bancárias ao serviço de um único lema: exploração animalesca do estado de necessidade de uma sociedade tão consumista, mas tão consumista, que há-de acabar por se consumir a si própria.

domingo, novembro 19, 2006

CHAPA 3

3.
Redondo.
É bem a conta que Deus fez.
É também a preferida dos vermelhos (perdão, encarnados) quando sobem a norte do Douro. 3 no Bessa. 3 no Dragão. 3 em Braga.

sábado, novembro 18, 2006

CONFIDENCIAL

Hermínio Loureiro reuniu confidencialmente com os árbitros, lê-se na Imprensa.
Logo a seguir citação dele e dos árbitros sobre o encontro.
É a chamada confidencialidade pública, muito em voga entre os políticos.

CITAÇÕES

"Trata-se (...) de um livro à roda dos seus três temas recorrentes: o Pedro, o Santana, o Lopes", Miguel Sousa Tavares in Expresso.
Leva-me isto a perguntar então porque se perde tempo com ele? Porque o citam, pensam, falam dele?
O homem é claramente um zero à esquerda. Um inútil social. Não se lhe conhece profissão, obra, competência (salvo a de fazer filhos). Santana é a Lili da política. Um ser que só existe porque há comunicação social que transforma mentecaptos em heróis. Olhe-se o Alberto João, como outro exemplo. Ou a pituxas todas do abjecto social lisboeta.
Santana há muito que mereceu o funeral.
Só já não o tem porque ainda há quem o faça falar (mesmo que o não queiramos ouvir).
Deixem o homem em paz. Deixem-no enrodilhar-se nas suas incoerências. Deixe-no morrer sufocado de indiferença.

PENSADOR, GABRIEL

"To cansado de apanhar. Tá na hora de bater!"
(sotaque brasileiro)
Gabirel o Pensador

domingo, novembro 12, 2006

PODER

Vai uma grande confusão na cabeça de Sócrates que não lhe permite distinguir com clareza a distância que vai entre o exercício ce autoridade (necessário e consequente) do autismo isolacionista em que se vai progressivamente colocando e que os três dias de congresso foram bem demonstrativos.
Recuando lembro-me de duas situações semelhantes com maus resultados para os intervenientes: um esteve lá 48 anos, e só uma bendita cadeira resolveu o problema que a inação colectiva não conseguia. Outro, mais recente, julgou que podia sacrificar tudo às finanças públicas. As tantas ou tão poucas fez que, quando deu por ela, tinha uma revolução na ponte, até polícias a bater em polícias e saiu corrido de S. Bento, julgado pelo que fizéra mas, também, pelo que não fizéra.
Uma das poucas memórias positivas que guardo do exercício presidencial de Sampaio foi a célebre frase "há mais vida para além do défice". Eu acrescentaria "há mais vida para além do poder e de Sócrates". Será que ele já percebeu?

quinta-feira, novembro 09, 2006

ABORTO X

Discutir o aborto como uma questão "das mulheres", da sua opção exclusiva, é a forma mais redutora e pateta de o fazer.
Sem dúvida que a decisão última terá que ser dela. Mas daí a reduzir a esse momento vai uma grande distância.

GREVE

80% de adesão, dizem os sindicatos.
12% o governo.
Credibilidade, precisa-se.

quarta-feira, novembro 08, 2006

INDEPENDÊNCIAS

No passado domingo Saddam Hussein foi condenado à morte por um tribunal iraquiano.
Segunda-feira, em discurso eleitoral de desespero, Bush sublinhou o momento histórico vivido no Iraque para justificar a intervenção militar americana no país.
Simples coincidência?
Não. Apenas um Tribunal que julgou pleno de “liberdade”, pondo a nú a “total” separação de poderes de um verdadeiro estado de direito.

PARABÉNS

Eu tenho memória.
E tenho palavra, por isso:
Eu hoje não telefono
Eu hoje não escrevo
Eu hoje não dou os parabéns
Eu hoje não desejo felicidades
Eu hoje não dou prendas
Tu, hoje, não vais saber de mim.


domingo, novembro 05, 2006

sexta-feira, novembro 03, 2006

MAIORIAS

“A generalidade dos países desenvolvidos entende ou diz que...” ou
“A União Europeia acha que ...”.

Mas haverá argumento mais destituído para discutir o que quer que seja do que aqueles que encimam o post. É a ditadura das supostas maiorias. Ou das “forças dominantes. Eles pensam assim. Nós fazemos.
O que me preocupa é que esta forma de justificação é não só recorrente como cada vez mais o modo de “calar” o interlocutor discordante. ELES fazem assim...
Recentemente li aqui que o sistema vigente em Portugal, no que concerne à permissividade abortiva, não difere muito do que se faz na maioria dos países europeus. E que, por isso, é mais do que suficiente, sendo desnecessário consultar os portugueses ou alterar a lei vigente. Ou discutir sequer a que existe.
Só por si o argumento é patético, como acima referi.
Mais grave, porém, é ser falacioso.
Mas não é nada que espante neste histerismo colectivo dos alegados pró-vida. Vão fazer de tudo. Vão lançar todo o ruído possível que motive a confusão. Espero que, desta vez, os defensores do sim não caiam na esparrela da discussão beata e religiosa. Já se viu que não pega.

quinta-feira, novembro 02, 2006

ABORTO IX

Depois do pedido feito aqui, e para outros eventuais desconhecedores da actual moldura legal penal do aborto, transcrevo as partes principais dos art.ºs 140º e 142º do Código Penal, que regulam a matéria.

140º
Aborto
1(...)
2 (...)
3 (...) A mulher grávida que der consentimento ao aborto praticado por terceiro, ou que, por facto próprio ou alheio, se fizer abortar é punida com pena de prisão até 3 anos.

142º
Interrupção da gravidez não punível
1.Não é punível a interrupção da gravidez efectuada por médico, ou sob a sua direcção, em estabelecimento de saúde oficial ou oficialmente reconhecido e com o consentimento da mulher grávida, quando, segundo o estado dos conhecimentos e da experiência da medicina:
a) Constituir o único meio de remover o perigo de morte ou de grave e irreversível lesão para o corpo ou para a saúde física ou psíquica da mulher grávida.
b) Se mostrar indicada para evitar perigo de morte ou de grave e duradoura lesão para o corpo ou para a saúde física ou psíquica da mulher grávida e for realizada nas primeiras 12 semanas de gravidez.
c) Houver seguros motivos para prever que o nascitura virá a sofrer, de forma incurável, de doença grave ou malformação congénita, e for realizada nas primeiras 24 semanas de gravidez, comprovadas ecograficamente ou por outro meio adequado de acordo com as leges artis, excepcionando-se as situações de fetos inviáveis, caso em que a interrupção poderá ser praticada a todo o tempo.
d) A gravidez tenha resultado de crime contra a liberdade e autodeterminação
sexual e a interrupção for realizada nas primeiras 16 semanas

BOIS

Hoje ao jantar tracei um naco de um boi (ou eventualmente de uma sua concubina) cuja macieza me diz que o bicho há-de ter trilhado tenros pastos.
Porém amanhã, em nascendo o dia, vou ter que rilhar outros bois. Bem mais duros e indegestos. De pastos mais agrestes. Pelo sim pelo não, levo a faca de mato...

quarta-feira, novembro 01, 2006

BAZAR



Bazar.
Um dos muitos sítios do Porto que valem, realmente, a pena.
Então num final de tarde... a reduzida frequência até permite preparos destes