"Senado norte-americano discute a possibilidade de introduzir tarifas aduaneiras contra vários produtos chineses".
Esta é uma notícia do dia.
Para mim uma das principais do ano.
Sendo como sou anti-americano, por vezes quase primário, sou insuspeito para o que vou dizer a seguir.
Este é o caminho. O único possível para combater o combate desigual que as economias ocidentais estão a travar com a denominadas emergentes, com destaque para a China, Índia (mas também outras, vindas de países europeus de leste).
Contrariamente aos defensores das políticas do mercado livre, global, absoluto (vale por dizer, selva total nos mercados), defendo que o Estado existe para alguma coisa. Antes de tudo, para defender os interesses dos seus próprios cidadãos; num segundo momento, de quem pensa como ele.
Ora o modelo social europeu assentou, nos últimos 50 anos,numa lógica social, de mercados moderados por poderes políticos livres mas interventivos e, se necessário, correctores.
O abrir de portas, selvático e errático às ditas economias emergentes, está a contribuir, a um ritmo arrasador, para o sufoco e naufrágio das economias europeias, a que ninguém pode ficar indiferente, pelo facto de que ninguém deixará de ser afectado.
A permissão de entrada de produtos oriundos de países que praticam o "dumping" comercial, com mão de obra explorada (por vezes quase no limiar da escravatura), no espaço europeu vai conduzir, a muito breve trecho, à total falência dos modelos (sociais e económicos) dos estados europeus.
A violência e o descontetamento sociais vão-se alimentar do desemprego, da fraca produtividade, da ausência de crescimento.
A segregação social será (está a ser) a primeira imagem visivel do que pode vir a ser o futuro (olhe-se para França ou, se não quisermos ir mais longe, para a Cova da Moura).
Temo que até que os estados europeus acordem da sua embriaguez asiática, a destruição do modelo europeu pós-II Guerra será uma realidade, e as pontas que sobrarem serão insuficientes à reconstrução.
Aí será tarde de mais.
E volto ao início.
A tomada de medidas de protecção fronteiriças, taxando os produtos oriundos dessas economias no sentido de corrigir o tal "dumping" é o único caminho possível para as economias ocidentais.
Corrigir (à força se necessário) os erros que a "lógica do mercado" cria será a única medida possível para que nós, ocidentais, possamos continuar a existir nos moldes em que fomos educados e criados.
Não deixa, contudo, de ser curioso que esta "filosofia" anti-liberal, a que gosto de chamar "moderada de esquerda" esteja a ser equacionada pela maior potência liberal do mundo (leia-se supostamente liberal). É que quando lhes bate à porta, os "américas" são mais proteccionistas que os próprios britânicos.
(este é um post escrito de uma vez, sem revisão, sem rodilhos; é um estado de alma, crítico como sempre, há muito pensado).
sexta-feira, março 24, 2006
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