Ouço que as festas de Barrancos decorrem na tranquilidade do seio da vila alentejana, sem as enchentes de outrora.
Leio que comerciantes se queixam que o comércio não é o de antigamente, e a lamuriarem-se pela falta de ganho.
Para além do desejo secreto da falência desses obreiros do comércio que sobrevivem do acto bárbaro, medieval e troglodita da morte pública em enorme sofrimento de um animal, constato que o que levava a populaça ao circo não era, afinal, o amor à tradição e à "arte"!!!!! tauromática.
Acho que a motivação era a mesma que leva a que todos parem numa estrada em que houve um acidente, tentando espreitar e ver o sangue, a desgraça e o prejuízo com os seus próprios olhos. E se afastam, com ar consternado, quando não lhe é dado a ver mais do que chapa amassada.
Agora, que não há GNR, holofotes da TV, ar de desgraça proibida, afrontamento ao poder e que, à lei da bala, se legalizou uma festa digna dos austrolopitecos, já ninguém tem curiosidade, já quase ninguém lá vai. Agora, que tudo é legal, é que se observa a falta de senso de uma lei que nada tem a ver com o país em que se aplica, que não responde aos anseios do povo e da tradição, mas que visou apenas apagar o fogo da pressão mediática que o governo de então sofreu, vergando um estado de direito aos caprichos de meia-dúzia de trogloditas que nunca mereceram mais do que as cavernas para viver.
terça-feira, agosto 30, 2005
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