OS INTOCÁVEIS

Nos dias que correm só encontro conforto nas conversas com amigos acontonados no sector público do trabalho. Confortáveis no emprego e no salário garantidos, na certeza do dia seguinte, projectam as vidas na normalidade das semanas, com um outro soluço ao prometido congelamento salarial.

No mais, e porque não tenho amigos no outro sector das garantias sociais - leia-se Partido Socialista - só vejo tristeza, amargura, incerteza, receio e muita expectativa pelos dias que se avizinham. E tudo com penas de não "nacionalizado", como o BPN.

PROSA JORNALÍSTICA

Funchal, 25 fev (Lusa) - A Fajã da Ribeira, a terra da Ribeira Brava que ficou isolada quando a enxurrada destruiu a única ponte de ligação à vila, mal foi colocada a passagem pedonal móvel pelo Exército, muitos "fugiram para a Venezuela e Lisboa".
Quem o diz é Teresa Rodrigues, uma mulher que vive neste local logo depois de chegar de táxi, carregando alguns sacos de compras que terá que carregar lombo acima depois de cruzar a ponte.
"Ficámos mesmo isolados, na maior tristeza", diz a chorar, recordando a aflição de quem ficou sem água, luz, nem pode fugir para outro local, nem mesmo quando aconteceu as cheias de há 40 anos.

Isto que acabram de ler é o texto integral publicado ontem no site da RTP (aqui) da autoria de um energúmeno a quem, pelos vistos, chamam jornalista. Para piorar tudo vejo que é da Agência Lusa. Ou seja, pago por nós.

MILITARES AO PODER

Entendo (e tenho-o dito aqui) que há sinais muito preocupantes no regime que, mais cedo do que se julga, vão conduzir a um resultado muito mau.
O poder anda na rua, à mão de quem o queira apanhar. Podermos ter tido em Portugal dois PM tão mediocres quanto o são Santana e Sócrates (ainda que por razões totalmente diversas) é um sintoma crítico da doença. A ameaça que paira de podermos ter Passos Coelho como futuro PM é a confirmação definitiva das células estragadas.
Ora sempre que isso sucedeu na história os amantes do poder totalitário aproveitaram para afocinhar na gamela do poder.
No SOL duas afirmações assissinas, escondidas na página 12, deixam-me perplexo e preocupado; ambas de militares; Eduardo Silvestre, general e ex-Juiz Presidente do Supremo Tribunal Militar diz que "deveriam ser as forças armadas a tomar nas mãos os destinos da nação" (sic).
Garcia Leandro, outro general, aponta o dedo às "mais importantes instituições do país, desde o governo, tribunais, órgãso de comunicação e partidos da oposição. Não se pode confiar em ninguém".
Como nós não nos esquecemos o que fizeram (e permitiram fazer) os militares no poder, resta-nos estar muito atentos às movimentações desta gente. De preferências com as malas feitas, sempre no hall de entrada das nossas casas.

MUSICA TUGA

Hoje a play-list vai dedicada aos poetas portugueses cantores.

Sim, porque tempos houve em que eles existiam e emprestavam à música uma roupa que ela hoje raramente tem. Era a música também com causas.

Aproveitem o fim-de-semana, que é coisa boa e rara.

SÓCRATES-BOY

A arrogância com que o imberbe Rui Pedro Soares foi falar ao parlamento, como se o rei morasse nas suas entranhas, mais do que revoltante, é assustador.
Há gente que se sente impune, acima de tudo e de todos, até da lei. E o pior é que, quem tem o dever de o pôr no sítio, parece ter medo do menino.

MADEIRA OU A CRÓNICA DA DESGRAÇA ANUNCIADA

Este documentário da RTPN, de 2008, já deixava a crónica da desgraça anunciada na Madeira.
Vale a pena perder uns minutos a ouvir esses "tolos" dos geógrafos, dos geólogos, dos ambientalistas que, pelos vistos, há muito previam o que sucedeu.


E agora, mesmo não sendo politicamente correcto, cabe a pergunta: faz sentido a república pagar as atrocidades que o Jardim, com o beneplácito de quem nele sistematicamente vota há 30 anos, andaram a fazer? Faz sentido onerar os cumpridores, zelosos e respeitadores pelas alarvidades dos outros?
Quando o mar invadir o Algarve, e morrerem turistas nas praias onde nunca se devia ter construído, também nos vão pedir que peguemos?

IMBERBES AO PODER

Leio que uma tal de Assunção Cristas tem 32 anos, é deputada do CDS e foi uma das principais negociadoras do orçamento de estado.
Nas confissões que faz retenho que tem três filhos, é doutorada, professora na Católica (claro) e gosta muito da família (destacou-se na luta contra o aborto) e assessorou Celeste Cardona no Ministério da Justiça.
Faço algumas contas.
Tomando-a por cumpridora, terminou o seu curso pelos 23/24 anos. Perdeu dois ou três a preparar a sua tese de doutoramento. Pelo menos mais três em gestações e exercícios maternais. Uns meses no Ministério da Justiça. Nem três anos lhe sobram de profunda experiência profissional, a leccionar. Está-se a ver que é currículo, a idade e a experiência ideal para perceber e negociar todas as contingências de um OE.
Cristas é apenas o exemplo do que são hoje as bancadas parlamentares e as empresas públicas (veja-se Rui Pedro Soares).
Quando nos espantamos com a qualidade das normas que nos regem a razão está, sobretudo, aqui. Os imberbes que mandam em nós. Como Medina Carreira tem repetido, até à exaustão, sem que ninguém queira ouvi-lo.

EMPREGOS

Duas horas numa escala judicial, à espera do arguido que não aparece.

A sala, contigua à portaria da casa que já foi de justiça (agora é só da justiça, ministério) é uma verdadeira universidade. Três porteiros a fazer o trabalho que meio podia concluir. Conversa de chacha, piadas foleiras (sobretudo de gajas, claro), muito futebol e nenhuma produtividade. Simplesmente à espera que o tempo passe.

OS SEGREDOS DE SÓCRATES

Foi curioso observar, na entrevista de José Sócrates a Miguel Sousa Tavares, ver como o PM se recusa a pactuar com a "violação grosseira do segredo de justiça" para não comentar as diatribes dos seus amigos socialistas no assalto à TVI e ao Figo, e que as escutas publicadas pelo SOL deixam a nu, mas depois, uns minutos volvidos, já se usou dessa mesma violação, comentando o despacho de Pinto Monteiro publicado na Imprensa, só porque este abonava a favor das suas teses.

É esta falta de coerência que nos demonstra que Sócrates não fala verdade. E um PM que mente assim é um PM a mais.

ESCUTAS E A VIOLAÇÃO

Permitir a escuta de magistrados defendia melhor o segredo de justiça.

Ora até que enfim uma medida acertada e corajosa para poder combater-se o flagelo das violações do segredo de justiça. Só falta estendê-la aos funcionários judiciais.

Penas é que não passe de um plano de intenções que ninguém implementará porque ninguém ousará enfrentar o maior e mais poderoso lobbi português: o da justiça.

Alguém tem dúvidas que a maior partes das fugas, originadas quando o processo está confinado aos magistrados e a dois ou três funcionários, tem origem no interior dos próprios tribunais?

CANALHICES

Um corrupto será sempre um corrupto.

Um crápula será sempre um crápula.

Esta defesa de João Carlos Silva mostra-o bem. Já não chegava o que fez e vem agora ainda, num pseudo acto de contrição pública, assumir, sem pudor e total falta de senso que, qual chico-esperto, a sua única vontade era enganar Figo, subverter o espírito do contrato através do argumento formal: a denúncia.

Para além de não acreditar na bondade das suas explicações de agora, que aparecem tarde e metidas a martelo, não sei se não o respeitaria mais se assumisse o que fez. O pior canalha é sempre aquele que não assume o que faz.

SEGREDO DE COISA NENHUMA

Pinto Monteiro diz que apenas seis pessoaos tinham conhecimento do seu despacho sobre as escutas a Sócrates

Estão, pois, reunidas as condições para apurar e punir quem grosseiramente violou o dever de sigilo. Diria que, perante isso, uma criança de seis anos minimamente dotada de raciocínio conseguira chegar lá.

Querem apostar que Pinto Monteiro não vai conseguir (querer) descobrir?

P.S. Segundo o próprio Maria José Morgado está encarregada do inquérito. Agora não tenho mesmo dúvida nenhum que os culpados ficarão impunes.

SAIDA DE CENA

Há gente que vê o poder como uma cantão, ou um feudo. Só seu.

A candidatura de Fernando Nobre, apadrinhada por Soares como puro revanchismo para a lição de democracia que levou nas últimas presidenciais, é sintoma claro desse apego.

A divisão da esquerda vai ser óbvia e Cavaco arrisca um passeio sereno até Belém.

No final Soares ficará satisfeito com o seu umbigo. Porque no fundo no fundo, está-se a borrifar para os ideais que sempre apregoou e, em tempos, cultivou.

Não saber sair de cena é dos espectáculos mais degradantes que qualquer figura pública pode prestar a si mesma.

BANCO DOS ENCORNADOS

A simples insinuação de que Manuel Pinho poderá vir a ocupar o lugar deixado em aberto por Constâncio no Banco de Portugal é bem revelador do estado a que o despudor e o compadrio chegaram.

É verdade que, desde as declarações de Granadeiro, os "cornos" voltaram a estar na moda, como dizia ontem RAP. Mas nem assim o "encornado" Pinho poderá, alguma vez, voltar a ter um qualquer lugar no Estado ou perto deste. Não podemos ter a memória tão curta para a sucessão de alarvidades cometidas por este original ser humano.

OS TRABALHOS DE CAVACO

Acho que Cavaco não vai ter outra opção senão a de condicionar as eleições do PSD, impedindo a todo o custo que Passos Coelho possa vencer.

É que o PR tem em mãos uma emergência nacional, que é a de correr com Sócrates até Abril/Maio(está visto que o PM se agarrou à cadeira como uma lapa e não vai desgrudar).

E esta é uma aposta que deixo aqui: se Passos Coelho não vencer as directas do PSD, em Abril Sócrates já cá não está.

SOM À SEXTA

Hoje a música é no ARTE DO SOM, já que me calhou em sorte lá postar a play-list semanal.

Boas sonoridades.

SÓCRATES EM LUME BRANDO

Estou ainda para compreender os arautos da desgraça, que vêem numa possível queda do governo uma desgraça irreparável.

Não vejo as coisas assim. Outros virão e, para pior, é impossível. Acho mesmo indispensável que ele caia, a bem do exemplo. E quanto mais ele arder em lume lento, maior será a factura que todos pagaremos.

Mais a mais qualquer cenário é preferível a este verdeiro pântano político em que Sócrates mergulhou o país. O PM é um líder colado a tantas trapalhadas (hoje estou benévolo) que nunca mais conseguirá o respeito nem do seu mais fanático votante.

Temos, pois, um líder sem força e autoridade no momento em que o país mais precisa dos dois atributos. Essas são mais do que razões para o despedirmos.

PSD

Mantive a esperança, até ao último momento, que o golpe de asa de Rangel ia obrigar Aguiar Branco a repensar a sua estretágia e a desistir da candidatura.
Hoje, com o anúncio, cheguei à conclusão que já não há ninguém preocupado com o interesse do partido e muito menos o nacional.
Oriundos do mesmo espaço interno, Rangel e Aguiar Branco vão, provavelmente, anular-se, e lançar o partido e, o que é pior, muito pior, o país, nas mãos de um imberbe sem currículo e estaleca que, ainda há meia dúzia de meses anunciava como seu plano estratégico financeiro a privatização da Caixa Geral de Depósitos!!!
Quem agradece é Sócrates, que sabe que assim o seu lugar não está em perigo.

MUSIC IS BACK

After two weeks of absence friday´s music is back to Critico.
With a master of the guitar and the voice: George Benson
Simply contagious




Have a nice week-end. And Carnaval

CÓDIGO DE CONDUTA

Passamos a vida a encher a boca que isto assim não vai lá, que somos um país desgraçado, que não temos cura.

Mas raramente vejo concretizarem-se em palavras os fundamentos das afirmações.

Durante meses uma comissão experiente (de sábios, como era costume dizer-se) estudou e agora propôs um Código do Bom Governo das Sociedades.

Seis empresas cotadas em bolsa (BES, BCP, PT, Mota Engil, ZON, EDP, Brisa, Jerónimo Martins) votaram contra o documento o que ditou à demissão dos pensadores do projecto.

Tudo vai ficar em águas de bacalhau.

Curioso é analisarmos o porquê do chumbo.

O documento propunha, entre outros, que a política de salários das administrações seja da competência das Assembleias Gerais (ou seja, dos donos do dinheiro investido) e a divulgação pública dos negócios entre gestores e as empresas.

Está bom de ver porque foram estas as primeiras empresas a chorar baba e ranho e a recusar as propostas.

Mas também está bom de ver porque razão vamos continuar a viver neste sistema podre e de compadrios, onde as faces ocultas são uma mera ponta do muito gelo que está por debaixo.

M(IN)ISTÉRIO PÚBLICO

O inefável Joe Berardo disse, com as letras todas e na comunicação social que "Jardim Gonçalves roubou billions de dólares dos accionistas".

O Ministério Público lá da paróquia não achou a afirmação suficiente para levar o desbocado a julgamento. Aliás, nem sequer julgou a afirmação ofensiva. E arquivou o processo.

Pergunto o que mais é preciso dizer para que um cidadão, que ainda não foi condenado pela prática de um crime, se sinta insultado e ofendido por afirmações como esta? Isto é tanto mais chocante para quem já viu esses delegados (agora chamados de procuradores) acusar e apontar o dedo por muito, mas muitíssimo menos.

P.S. Nutro uma antipatia natural por Jardim e até estou convicto da sua prática delituosa. Mas isso não me tolda o cérebro.

A UNIÃO EUROPEIA

Turquia: adolescente enterrada viva por falar com rapazes.

São fanáticos como estes que Durão Barroso e mais uns quantos Eurocratas equacionam meter no saco da União Europeia.

É por estas e por outras que nunca acreditei na europa unionista.

O REI

PAT METHENY

LIDERANÇA

Há duas qualidades essências num líder quando a nau que comanda está em crise: seriedade e competência.

Nenhuma nasceu com Sócrates.

ASSIM SIM, O BENFICA É CAMPEÃO

Eu julgava que no plano da escroquice alguns presidentes de clubes ou empresários eram o expoente máximo.
Enganei-me.
Basta ver o que o Conselho Disciplinar da Liga de Clubes tem andado a fazer. Agora são dois dos principais jogadores do Braga a ficarem suspensos.

INDEPENDENTE

Há pouco passou-me aqui pelo estaminé um "tóxico-independente" (sic).

Fiquei com a dúvida se se trata de um qualquer grau académico provindo das novas oportunidades, que o faz passar de dependente a independente; Ou se no caso era oriundo desse estabelecimento de referência educativa também frequentada pelo nosso magnânime PM.

CAI PÁ, CAI...

Com Sócrates tudo o que mexa em sentido contrário a si é maldizente, funesto e a eliminar. E quando toca a jornalistas o seu ódiozinho é bem mais patente.

Foi assim com Manuela Moura Guedes. Com José Eduardo Moniz. Com João Miguel Tavares. Agora com Mário Crespo.

Sócrates, como qualquer ditadorzinho iluminado, vê na opinião contrária a motivação de uma corja que só tem por objectivo deitá-lo abaixo.

Agora virou as agulhas: são as agências de rating que querem mal a Portugal e ao seu pequenino ego. As previsões estão todas erradas, e é ele, só e iluminado, que está no bom caminho.

Em tempos houve uma bendita cadeira que deitou o de Santa Comba ao chão e nos livrou da sua imensa sabedoria. Houvesse agora um escadote (que este é mais novo e resistente)...

INDIFERENÇA

Gravata preta. Camisa branca. Fato escuro. Não restavam dúvidas do seu luto.

Apesar disso era notório que o homem precisava de o dizer.

É certo que entrou um bocadinho a martelo, no meio de uma conversa de trabalho.

Mas a total indiderança com que os interlocutores o ouviram e não dispensaram uma magra palavra aqueles 74 anos visivelmente sofridos deixou-me chocado.

Da cara deles simplesmente resultava um sentimento: essa sofrimento não é do nosso campeonato. Nem resolve o que aqui nos trouxe.

E prosseguiram a conversa como se tivessem acabado de ouvir o resultado do Alcanenense-República das Beiras.

A DEMAGOGIA, A NATALIDADE E A VACINA

O Governo assinalou os 100 dias com a mais demagógica das medidas.

No Conselho de Ministros extraordinário decidiu atribuir €. 200 a cada família onde ocorra um novo nascimento, fazendo assim de conta que trabalha para a inversão do ritmo da natalidade.

Alguém acredita que uma família decida sequer sentir-se motivada a ter um filho em decorrência da atribuição de um subsídio que, no limite, chegará para dois meses de fraldas e leite?

Porém a medida custará €. 250.000.000 (sim, são milhões) ao orçamento de estado.

Ou seja, no plano do icentivo a medida valerá um redondo zero.

No plano do custo implicará um agravamento do já caótico défice das contas públicas.

Não podia começar o 100 dia de mandato de modo mais demagógico.

PS. A vacina da meningite não é ministrada a grande parte da população juvenil portuguesa por os pais não terem capacidade financeira para a pagar e ela não ser comparticipada pelo estado que, apesar de já ter prometido incluí-la no plano nacional de vacinação, não faz por falta de inscrição no orçamento. Saibam que os ditos 200 euros chegam para a pagar.

Pelos vistos o estado português prefere fazer nascer gente a garantir que a que existe sobreviva.