quinta-feira, janeiro 10, 2008

NEM MAIS NEM MENOS

Nunca tive grandes dúvidas de que Sócrates não iria aceitar o referendo ao Tratado de Lisboa. É preciso perceber como funciona a cabeça do primeiro-ministro. Cá na terra, Sócrates tem poder e serve-se dele para impor uma imagem, vigiar todos os meios que o podem fragilizar e evitar os opositores. Na Europa, onde não tem poder nenhum, o primeiro-ministro só pode ser o que demonstrou na última presidência portuguesa: um facilitador, um simples, um "porreiro".

Claro que nem Sócrates, um mestre de aparências, é capaz de esconder o que aqui ostensivamente sucedeu. Houve mesmo um acordo explícito (chamar-lhe um "acordo tácito" é um pouco insultuoso) entre os diversos governos europeus para se evitar qualquer tipo de referendo. O Tratado de Lisboa foi assinado sob condição e reserva. E Sócrates desempenhou o papel que lhe cabia nesta extraordinária encenação.

Para além disso, são só pseudofactos com que procuram entreter-nos. Decisões irreversíveis que depois aparecem disfarçadas de dolorosos processos de reflexão. O debate que mais cedo ou mais tarde precisamos de enfrentar a sério é sobre o tipo de política democrática que está a ser feito nas instituições europeias. Não é tanto nem sobretudo o problema de referendar ou não referendar este tratado.

Tudo, pelo punho de Pedro lomba, aqui.

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