terça-feira, novembro 27, 2007

INDEPENDÊNCIA MENTAL

Em 1993 devolvi, curto e grosso, o cartão de militância partidária ao recém líder da minha “jota”. E nunca mais entrei num partido.
Fi-lo com a mesma vontade com que, uns anos antes, atirara com a porta às ventas de um clero falido e obeso, que só me mostrava interessado em impor-me dogmas.
Tarde, é certo, tinha percebido a verdadeira dimensão do delito de opinião, sobretudo na lógica político-partidária. O vómito da cartilha, despejado em comícios e barulhentas acções de rua, e o esquecimento posterior, era o destino dos “jotas”, para que os barões pudessem dispôr.
Pensar era um bocadinho mau. Diferente do partido péssimo. Dizê-lo um suicídio. Atirei com a porta com quanta força tive; enterrei sonhos que perseguia desde menino (e são os mais dificeis de enterrar e as dores mais complicadas de sarar) e jurei a minha independência mental. Deve ser assim que um pássaro se sente quando lhe abrem a gaiola (desde que esta não tenha estado fechada muito tempo). É assim que me sinto desde então.

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