quarta-feira, julho 05, 2006

O PREÇO DA FUTEBOLÂNDIA

O petróleo sobe (mora já quase novamente nos 95 USD), as bolsas despenham-se, a economia retrai-se, o desemprego aumenta. O endividamento das famílias há muito que partiu o tecto (o pagamento das dívidas deixadas pelos antecessores é talvez um dos mais sérios problemas a resolver pela próxima geração). O consumo ainda se vai mantendo, ajudando a mascarar uma economia depauperada, sem rei nem roque, com destino negro.
Mas o país está parado, alegre e "sadio". Espera pelas vitórias da bola em torno de cervejas e tremoços. Depois, quando acabar, vai partir para férias (milagroso cartão de crédito). Quando voltar vai cair em si e vai estranhar, como aquela rapariga de 14 anos, o atraso...
Pergunto-me quanto tem custado a Portugal (e ao PIB) a tremenda falta de produtividade do mês de Julho? Quanto é que esta bebedeira colectiva em torno da Caravaggio e de meia-dúzia de vendedores de ilusões (porque participar num Mundial, seja de futebol ou de berlinde, mesmo ganhando-os, apenas pode fazer bem à auto-estima) vais acrescentar ao nosso já gritante sub-desenvolvimento?
Sobra (e louva-se) a atitude do Presidente Cavaco e do Primeiro Ministro Sócrates que têm dado o exemplo: mantêm-se em Portugal, cumprem as suas funções sem se deixarem ir na enchorrada fácil do populismo do cachecol e da bandeira. O problema é que a eles já ninguém os ouve. Já ninguém lhes liga.

Sem comentários: