O congresso do PSD está a voltar a mostrar uma verdade tão velha quanto o partido: é um movimento sem identidade. Que coexiste na conjuntura, nunca para além dela.
Salgado Zenha foi o primeiro a dizê-lo, quando nos idos 70 acusou Sá Carneiro de ter que empurrar as cadeiras para ocupar o lugar central à mesa, espaço que já estava ocupado, e assim forçar uma existência que, ainda por cima, tinha um nome que nunca traduziu a realidade que é.
Facto que, ainda hoje, obriga o partido a viver como órfão.
Só assim se explica a facilidade com que se desenham alternativas inócuas como a que foi Santana; ou a forma como se endeusam soluções vindas do éter em detrimento de personalidades com créditos firmados, que só porque estão momentaneamente desalinhados, são deixados de fora. António Borges versus Pacheco Pereira é o exemplo actual. Santana versus Ferreira Leite ou Leonor Beleza outro recente.
Este “bruá” em torno de alguém sem o mínimo de experiência política, que não sabemos quem é, o que quer fazer, que quer entrar por cima no partido, sem o apoio da base, revela um partido que, sem respeito pela sua história, procura constantemente o Messias, que lhe garanta o milagre da multiplicação dos votos, o milagre da inversão da conjuntura. E não a resposta a um projecto de partido e de sociedade.
E é esta uma das razões por que o PSD será sempre um parente pobre da democracia portuguesa. E porque António Borges nunca poderá vingar como solução de fundo.
sábado, abril 09, 2005
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