terça-feira, janeiro 04, 2011

OS CARROS E O IVA

As vendas de carros dispararam, no final de 2010. Para níveis de 2002, quando se vivia com barriga gorda.
Emprenhados pela primeira treta que ouvem, os meios de comunicação atribuíram a corrida aos bólides à subida do IVA, agendada para 1.01.2011.
Tomando o valor do carro mais vendido em Portugal, o Renault Mégane, a diferença do IVA (o aumento) foi de €. 400.
Ora não acredito que alguém disponha a gastar, a correr e irreflectidamente, €. 25.000 de uma vez porque daí a dias, pelo mesmo bem, e depois de uma reflexão ponderada, terá que pagar, se realmente a decisão de compra for acertada, €. 25.400.
É, pois, evidente, que a justificação do IVA é falaciosa e revela, antes de tudo, que a informação é hoje produzida de modo acéfalo e, genericamente, para acéfalos que a aceitam.
O que a febre dos carrinhos revela é que Portugal não aprendeu nada. E ainda não percebeu onde está metido e o caminho que leva. À primeira justificação o impulso do consumo toma conta de nós, como se pertencêssemos à civilização desenvolvida, que pode consumir ao ritmo dos seus apetites. O ano da matrícula do carro, a marca do relógio, da camisa ou a casa em que vivemos (a rua) ainda conta quase tudo para o “Tuga”, que não se importa de esconder as meias rotas por baixo de um qualquer símbolo de prestígio. Tem é que parecer. Se para isso consome muito mais do que pode (e precisa), isso é secundário. Ora isso pode valer para um americano ou alemão, que vive em super-avit. Mas não para nós que, para lhes chegarmos aos calcanhares, devíamos voltar a viver uma década dentro da velha máxima: gasta 5 quando tens 10 e somente quando achas que esses 5 não te virão a fazer falta. Mas isso era pedir juízo ao “Tuga”. E aí vale mais esperar que o círculo seja quadrado…

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