sábado, abril 04, 2009

PARTIDARITE

Uma das interrogações que me tenho feito a propósito da democracia representativa portuguesa prende-se com o voto fiel no partido. Mais concretamente na forma quase devota, acrítica e seguidista com que vejo muita gente utilizar a mais preciosa arma que um cidadão tem em democracia: o voto.
Espanto-me como assisto a um fenómeno, social e economicamente transversal, de ver que há quem consiga, ao fim de 30 anos de democracia, ter votado sempre no mesmo partido. Nas legislativas, nas autárquicas, nas europeias encontram sempre na mesma sigla ou cor o mérito para “deitar” o votinho.
Pior.
São mesmo capazes em eleições como as presidenciais ou num mero referendo seguir o voto que o partido manda, num seguidismo quase insano.
Acho que há duas grandes razões a explicá-lo.
Uma, puramente emocional, em tudo semelhante ao que nos faz querer que nosso clube de futebol vença, mesmo prejudicando o adversário, com um penaltie, sancionado e apontado para lá da hora, por uma falta que nunca existiu. É o lado emocional do “está comigo ou conta mim”, ainda com raízes profundas no pré e pós 25 de Abril.
Outro, mais racional e preocupante, o de que a generalidade dos portugueses prefere que alguém pense por si, quem decida por si. Quem nunca ouviu dizer: “- Se o PM diz ele saberá porque o diz. Ele sabe mais disto do que nós…”?
A política, como tudo na vida, tem que ser feita de escolhas; a melhor escolha em cada momento. E ela não pode estar sempre do mesmo lado da barricada.
Interrogo-me como é possível ter gostado e votado em personalidades e projectos tão diferentes como os de Sá Carneiro, Durão Barroso, Marcelo ou Santana Lopes?
Ou Mário Soares, Guterres e Sócrates?

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