Marques Mendes fez o aquilo que toda a gente lhe pedia e a única coisa que lhe restava: retirou a confiança ao cadáver político em que se tornara o presidente Carmona e provocou as eleições que toda a oposição queria mas que, hipocritamente, se recusava a reclamar.
Mendes voltou a fazer o que devia ao ir pescar uma candidatura credível – Fernando Negrão - de um homem com um discurso sério, com um passado impoluto.
Mendes deu o peito às balas e salvou Lisboa da incompetência governativa em que mergulhara e de onde o calculismo partidário (toda a gente sabia que nunca haveria um verdadeiro vencedor em eleições interlacares) se recusava a retirá-la.
Mendes mostrou ter sentido de oportunidade, de Estado e de ser, acima de tudo, sério.
Resultado: vai a directas com um playboy político – Menezes - (no PSD crescem como cogumelos) e com, quem sabe, mais um político de gabinete (os denominados barrosistas, seja lá isso o que for), daqueles que não tem coragem para deitar abaixo o líder de forma assumida mas, nos bastidores, não deixa de remexer o lixo à procura da sua oportunidade. E arrisca-se a perder numas eleições directas aquilo que lhe demorou anos a construir.
Resumindo: fez o que devia, como devia e quando devia (ok, talvez um bocadinho tarde).
Mas o voto, esse pilar cego da democracia, nem sempre é justo e esclarecido (Carmona ser o segundo mais votado é disso prova bastante), corre quase sempre atrás da demagogia e do discurso barato (como é que Santana alguma vez ganhou um acto eleitoral, nem que fosse para a administração do condomínio do prédio onde vive?), ou, pior ainda, do sebastianismo tão lusitano (Roseta é a sua prova cabal). E, ou muito me engano, vai comer Mendes vivo.