quarta-feira, fevereiro 07, 2007

CAMPANHAS

Nunca compreendi os méritos das campanhas eleitorais. Acho-as mesmo actos inúteis. Ou, pior, perniciosas e subversivas.
Não podem ser 15 dias de discussão pública quase sempre histérica, demagoga, cheia de clichés e sempre muito pouco séria em matéria de princípios que podem contribuir para esclarecer. Ao invés podem bem servir para subverter a lógica que a razão permitiu construir.
Pergunto-me como é possível em matéria tão sensível como o aborto alguém chegar a 15 dias do voto sem opinião formada? Ou, chegando, como é que consegue formá-la nesse período? Como foi possível em toda a interminável sucessão de ciclos de 15 dias anteriores à campanha andar a navegar à vista, alheio ao problema e ausente de opinião? E, se não se andou, então para que se quer ou precisa de campanha?
A decisão de voto sem esclarecimento (seja ele qual for) nunca deveria ser tomada. E a campanha não esclarece ninguém
Ainda não esqueci o sangue e suor que a outros custou o meu direito a votar. Por isso o considero o mais sagrado acto da democracia. Por isso me emociono sempre que o deposito numa urna. Por isso compreendo muito mal o voto resultante de uma opinião formada dentro de uma campanha.

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