Um dos desapontamentos que tenho tido com a política, sendo mesmo a razão principal por que me afastei do activo foi a lógica do “aparelhismo”.
Que quase sempre é confundido com lealdade, solidariedade (com o líder e com o partido).
O líder (aparelho) pensa, a organização, no seu todo, segue.
O sentido crítico dilui-se quando se inserido na estrutura.
Pede-se amorfismo interno. Mas muito empenho no caciquismo, forma obrigatória de defender a “causa”.
Deste modo se alimentaram “animais políticos”, como Isaltino, Felgueiras, Valentim, Ferreira Torres. Sugaram, ao longo de anos, toda a concorrência, externa mas também interna, com o desenfreado apoio dos “aparelhos”.
Pegando no exemplo de Felgueiras, quem é que não se lembra, há quatro anos, do suporte incondicional que Jorge Coelho, então também coordenador autárquico a campanha do PS, deu à senhora, quando esta era tão arguida como é hoje?
Agora vai comer no chão que semeou.
O mesmo sucedeu com Portas primeiro com o homem do queijo liminano, agora com Avelino.
Ao contrário do que sucede nas eleições legislativas e europeias, onde é o projecto global de uma força política que se discute, tenho muita dificuldade em aceitar partidarização de umas eleições autárquicas e mesmo numas presidenciais.
Estas regem-se como uma lógica de singularidade que exigiria dos partidos uma abstenção ou, pelo menos, elevada contenção de esforços. Vale isto por dizer, uma muito menor “aparelhização” da coisa.
Dar espaço à sociedade civil, àquela que não cabe dentro dos partidos, mas nem por isso é menos relevante. E não fazer desses actos eleitorais um jogo cacique, que no fim não pretende mais do que “ver quem ganhou”. Porque o resultado pode ser ganharem as Felgueiras e os Valentins. Ou, num ouro plano, porém na mesma lógica, os Soares.
quinta-feira, setembro 29, 2005
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