quinta-feira, abril 14, 2005

COIRATOS

Por decreto ou à lei da foice, devia ser obrigatório o glorioso ser campeão pelo menos um vez em cada dois anos.
Durante 48 anos foi assim: alternava-se o Eusébio com a Amália; pelo meio chupava-se a espinha a umas sardinhas e emborcavam-se três ou quatro malgas de tinto carrascão. E viviam todos felizes, ébrios do verdadeiro espírito nacional, numa modorra acrítica que tanto convinha aos “mandatados” do povo.
A história é cíclica, e parece estar a repetir-se.
À lei da bala, sem o mínimo merecimento, o Benfica caminha para título.
E quando alguém corre para a bola, e não deixa os meninos vencer (olhe-se o Rio Ave) lá vêm eles a chorar (veja-se o Petit), com o recauchutador de Alverca logo a corroborar (ainda que desta vez, e por ora, ainda sem os truces à mostra).
O Sporting, povoado por barões e dementes, desembesta aos tiros no pé, promovendo alianças com o inimigo, e só acorda quando parece tarde demais.
Ao FC Porto, e à falta de melhor sorte, carrega-se com processos de intenção (vulgo sumaríssimos), priva-se o clube dos seus melhores jogadores, faz-se da equipa um frangalho e, depois, justifica-se com as más contratações (que não deixam de ter existido).
Está na hora de preparar a festa.
Alinhem-se os foguetes, lave-se a santa a quem se fará romaria, moa-se a farinha para os coiratos, e anestesie-se o povo numa bebedeira colectiva de onde só será excluída 2% ou 3% de uma população que teima em não ser da “afición”.
Assim como assim, nem darão conta da forma como se lhe entra no bolso a cada dia que passa.

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