quinta-feira, setembro 29, 2005

APARELHICES

Um dos desapontamentos que tenho tido com a política, sendo mesmo a razão principal por que me afastei do activo foi a lógica do “aparelhismo”.
Que quase sempre é confundido com lealdade, solidariedade (com o líder e com o partido).
O líder (aparelho) pensa, a organização, no seu todo, segue.
O sentido crítico dilui-se quando se inserido na estrutura.
Pede-se amorfismo interno. Mas muito empenho no caciquismo, forma obrigatória de defender a “causa”.
Deste modo se alimentaram “animais políticos”, como Isaltino, Felgueiras, Valentim, Ferreira Torres. Sugaram, ao longo de anos, toda a concorrência, externa mas também interna, com o desenfreado apoio dos “aparelhos”.
Pegando no exemplo de Felgueiras, quem é que não se lembra, há quatro anos, do suporte incondicional que Jorge Coelho, então também coordenador autárquico a campanha do PS, deu à senhora, quando esta era tão arguida como é hoje?
Agora vai comer no chão que semeou.
O mesmo sucedeu com Portas primeiro com o homem do queijo liminano, agora com Avelino.
Ao contrário do que sucede nas eleições legislativas e europeias, onde é o projecto global de uma força política que se discute, tenho muita dificuldade em aceitar partidarização de umas eleições autárquicas e mesmo numas presidenciais.
Estas regem-se como uma lógica de singularidade que exigiria dos partidos uma abstenção ou, pelo menos, elevada contenção de esforços. Vale isto por dizer, uma muito menor “aparelhização” da coisa.
Dar espaço à sociedade civil, àquela que não cabe dentro dos partidos, mas nem por isso é menos relevante. E não fazer desses actos eleitorais um jogo cacique, que no fim não pretende mais do que “ver quem ganhou”. Porque o resultado pode ser ganharem as Felgueiras e os Valentins. Ou, num ouro plano, porém na mesma lógica, os Soares.

domingo, setembro 25, 2005

ALEGRE III

É uma outra forma de dizer o que penso e sinto.
Com a devina vénia

ALEGRE II

O anúncio da candidatura de Alegre provocou-me uma súbita vontade de ir à estante buscar o "Zeca".
Fez renascer aquele sentimento de esquerda, no sentido que ele tem de mais puro, de mais limpo, mais genuíno.
E, de repente, escolhi o "venham mais cinco" para acabar a tarde.

Venham mais cinco
duma assentada
que eu pago já
de branco ou tinto
se o velho estica
eu fico por cá

se tem má pinta
dá-lhe um apito
e põe-no a andar
de espada à cinta
já crê que é rei
de aquém e de além mar

Não me obriguem
a vir para a rua gritar
que é já tempo
de embalar a trouxa
e zarpar

etc. etc.

À consideração de um tal de Soares, que cuidou ser o pai de todos nós.

ALEGRE I

O dia amanheceu mais radioso.
Alegre é candidato.
Já vou poder votar por convicção.
E não por reacção, como parecia que ía ter de ser.

sexta-feira, setembro 23, 2005

quinta-feira, setembro 22, 2005

PENSADOR

Se Deus é justo, então quem fez o julgamento?"

Gabriel, O Pensador

EDIL

Voltou.
E está em liberdade.
E ainda é candidata à edilidade com o seu nome.
E também tem 17 razões para ter aceite esse convite!!! endereçado por independentes!!!
E engraçado este cantinho.
Afinal, também tem os seus "berlusconis"(zinhos)

segunda-feira, setembro 19, 2005

VINDIMA


NINHO



Ali, no meio da vinha, onde ninguém adivinhava, eles nasceram. E cresceram. E felizmente voaram, antes da mão humana lá chegar.

FUNCIONÁRIO PÚBLICO



E mail amigo presenteou-nos com esta pérola.
Que, obviamente, tinha que ser partilhada.

sexta-feira, setembro 16, 2005

RUI (AO) MAR

O homem criou um Blog, que está mesmo à imagem dele: vazio por dentro e por fora.

quinta-feira, setembro 15, 2005

RASCAS

O André está à mesa, com os pais.
O chinfrim do telemóvel, que se repete vezes sem conta, leva a mãe a pedir que cale o “brinquedo”.
Ante os ouvidos de mercador do puto, entra em cena o pai, em tom mais ameaçador.
Resultado pior.
Com estrondo, a porta bate, e o menino ausenta-se da sala.
O pai fica, em vão, a chamar-lhe pelo nome.

A moda parece ter definitivamente pegado nos anúncios publicitários.
Primeiro foi o sapo, de que já falei aqui.
Agora este, oriundo da denominada “terceira geração” de telemóveis de Optimus.
Má criação, muita má criação nos anúncios, que parece ser disso que a malta gosta. E, como gosta, nós damos-lhe. Promovemos e ensinamos a insolência, em suaves prestações publicitárias e outras afins.
Depois, quando lemos os relatórios (esse famigerado mal que nos coloca sempre na cauda quando nos compara à EU, OCDE e outras Es) deprimimos e anunciamos medidas (pacotes de medidas) para mudar.
Quando há uns anos Vicente Jorge Silva apelidou as novas gerações de rascas, devia ter apontado o dedo ao peito e dito: nós, gerações que fazemos este tipo de campanhas, que educamos os novos, nós sim, somos rascas.

terça-feira, setembro 13, 2005

LISBOA

Lisboa é lisboa e o resto é paisagem.
Há quase 15 dias que andamos a gramar, em horário nobre, na SIC notícias, com as eleições autárquicas para a Câmara de Lisboa.
Ele é a zezinha contra o carmona; o carrilho contra o sá fernandes; o carmona contra o cromo do PC de que não há bilhetes para saber o nome.
O resto do país assiste.
É paisagem.
Não existe.
Não tem eleições.
Que terceiro mundismo.
No Sudão também deve ser assim.

segunda-feira, setembro 12, 2005

EU VI UM SAPO

O Sapo lançou, acompanhado de uma enorme campanha publicitária, o serviço das “chamadas à borla”.
Saúda-se a iniciativa, mesmo sem ser pioneira, porquanto a concorrência estimula, faz bem...etc.etc. etc..
Mas é o spot publicitário que invadiu os ecrãs e a radio que me deixou embasbacado.
Visivelmente dirigido a um público mais jovem, não encontraram os autores da campanha melhor fórmula que juntar o sapo e um pinguim que, na casa do primeiro, bebem, riem e arrotam, este em som bem audível. No final, o sapo termina com um monumental flato (vulgo peido).
É esta a imagem de marca que querem fazer passar.
Certamente estudada, será a melhor fórmula para “atingir o público alvo”.
E das duas uma:
Ou a campanha está mal montada, e é bem feito não colher sucesso.
Ou o público é mesmo atingido, e então esse público é mesmo uma valente merda.E, neste caso, faz-me ter saudades do lápis azul.

quinta-feira, setembro 08, 2005

TRÓIA

As torres de Tróia cairam.
Ok.
E o que é que isso interessa?
Também a Dona Humbelina caiu do jumento, ali para os lados de Cernancelhe, e nenhuma TV passou por lá

KATRINA II

Afinal ele não são invencíveis.
Pelos vistos, não são intangíveis.
São humanos, vulneráveis, desorganizados, como nós.
São um povo sofrível.
Se o Katrina tiver tido o condão de pôr fim ao mito americano então, pelo menos, terá tido alguma coisa que se aproveite em tanta devastação.
Miseravelmente (porque os Deuses!!! também dormem) assolou uma população negra, desfavorecida e muito massacrada.
Mal por mal, valia mais ter batido em Beverly Hill...

quarta-feira, setembro 07, 2005

KATRINA

Não é providência.
Não é castigo divino.
É a natureza.
No que tem de mais rebelde. Intransigente. Vingativa.
Como ouvi, já não sei a quem: "Não se pode deafiar impunemente a natureza. Ela vingar-se-á".

A ÚLTIMA FRONTEIRA

A ausência de consciências críticas, desalinhadas, no espectro partidário nacional é um sinal comovedor do estado a que chegou a república.
Não falando do PCP (onde o alinhamento é estatutariamente obrigatório) e do CDS (que ao invés de partido político mais parece um infantário, tal o cheiro a cueiros exalado da bancada parlamentar), sobram-nos o PS e o PSD.
E sendo estes responsáveis pelo que de bom (e mau) tem a nossa democracia, seria expectável mais, muito mais debate, desalinhamento, espirito crítico.
Porque dois partidos que agremiam leques tão vastos de pessoas (católicos e ateus, sociais-democratas e liberais, ricos e pobres, instruídos e analfabetos) não podem cantar ossanas nem dizer a uma só voz.
Porém, retirando Manuel Alegre, no primeiro, e José Pacheco Pereira, no segundo, pergunto quem têm estes dois partidos, no seu seio, a defender ideias e caminhos diferentes das respectivas direcções políticas?
À parte Valentins, Jardins, Isaltinos, Felgueiras (alguém lhes conhece uma ideia, um princípio, uma vocação que não seja o poder?) não há ninguém.
O debate é paupérrimo e só assim se explica a mediocridade que assaltou os dois partidos, e que está bem patente nos parlamentares que exibem, nos autarcas que apresentam a concurso e no deserto de ideias e de actos com que, à vez, comandam o país, e nos atiram para índices de subdesenvolvimento que até a Eslovénia já ultrapassou.
Os bons, os que têm provas dadas na vida civil, fogem e mantêm-se a léguas da vida política.
Os que ainda assim tentam (Alegre e Pacheco são exemplos) são ostracizados pela trituradora partidária, composta por gente que diz pouco mas berra muito.
E só assim se explica a sofreguidão com que, perdidos de ideias, vazios de princípios, ambos correm para o pai (Soares e Cavaco), como se nunca conseguissem sair da puberdade, que lhes desse alento e asas para fazer o rio correr para a frente.
Como escreveu Fernanda Câncio (hoje postante no Glória Fácil), em 1992, a propósito de João Jardim (mas que cabe como uma luva nas presidenciais que se avizinham) “quanto mais infantil é o povo, maior é o pai”. Ou, adaptando à circunstância, mais mediocre.