"De geração para geração a moral ia mudando. Maneiras condenadas num dia, no dia seguinte entravam na rotina. Actos ainda ontem praticados em transgressão, eram-no hoje em permissividade. E curioso é que não se notava qualquer alegria no rosto dos beneficiados. Pelo contrário. Cada vez pareciam mais tristes. Libertos de mil peias, com todos os caminhos do prazer abertos, no fundo viviam murchos, como que desempregados da vida. Dispensados do esforço de lutar, de empreender, de imaginar, e da obrigação de assumir qualquer responsabilidade, vegetavam abulicamente no quotidiano".
Miguel Torga em o Sexto Dia de A Criação do Mundo,
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