A mera possibilidade de referendar a eventual instalação em Portugal de uma central de produção de energia nuclear é simultaneamente preocupante e demagógica.
A pior tentação que um Governo pode ter é a de delegar as decisões para as quais foi eleito para tomar; e referendar a dita central é um exemplo acabado disso.
Os referendos devem existir para sufragar a tomada de decisões de carácter político. Nunca de carácter técnico. E decidir se deve, ou não, existir uma central nuclear em Portugal é uma decisão técnica. Diría que quase só técnica. E das duas uma: ou é tenicamente desejável e aconselhável, e deve avançar; ou não o é, e Patrick Monteiro de Barros e os seus projectos devem ir para a gaveta.
Referendar isto, pondo à consideração do povo um assunto que a quase totalidade dos pronunciantes desconhece e onde a ignorância ajuda a fácil manipulação é um exercício perigoso.
Posso perceber que o problema do nuclear, lançado a destempo para o Governo (a indecisão do PM é bem evidente), é embaraçosa. Mas sacudir a água do capote, "chutando" para a decisão referendária não é fazer política. É fazer demagogia.
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