quarta-feira, janeiro 09, 2008

SÓCRATES

Um dos mais perigosos tiques de quem se sente confortavelmente instalado no poder é o autismo.
A perda de noção da realidade, do decoro e do senso é, nestas situações, mais inebriante que um jarro de vodka a empurrar valiuns pela goela.
Sócrates e o PS sentem-se, neste momento, os reis da nação. Olham para a concorrência e vêem uma mediocridade que só lhe faz crescer o ego (na exacta proporção da falta de senso). Acham-se capazes de tudo. Donos de tudo.
Acham que engolimos todas as patranhas que a sua máquina de propaganda nos vende. Aliás, já nem se preocupam se as compramos ou não: simplesmente as vendem e ponto.
O escândalo do encerramento das urgências (o plano de substituição não está a ser cumprido) do desemprego (prometeu 150 000 empregos mas a verdade mostra que há um défice de 20 000, ou seja, 170 000 a menos), o encerramento de escolas e tribunais no interiror (e o consequente despovoamento), as trapalhadas com o novo aeroporto (agora dão-se ao luxo de dizer que, se calhar, não vão dar a conhecer o estudo do LNEC e, provavelmente, fazem o jeito a alguns amigos com terrenos na OTA) são tudo sintomas. Entre centenas de outros.
A gripe essa está bem espelhada na quebra da palavra e da promessa eleitoral de referendar o tratado europeu que hoje vai anunciar no parlamento.
Sócrates evoluiu da autoridade para o autoritarismo. Instalou um estado semi-policial mas esqueceu-se que temos 30 anos de exercício democrático. Está a um passo de ter a população na rua a clamar pela sua cabeça e, só Deus sabe, a pedir o quê mais. E só ele (e a soberba dos aparelhistas socialistas) não o conseguem ver.

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