quarta-feira, agosto 30, 2006

PORTAS, O INDEPENDENTE

A primeira imagem que me ocorreu quando hoje ouvi que O Independente será publicado, pela última vez, na próxima sexta-feira, foi a de uma célebre entrevista dada hás uns anos por Paulo Portas, então director do jornal, que com a altivez costumeira e sempre sem dispensar o dedo em riste, afirmou (cito de cor) a um canal de TV: “Só descansarei no dia em que O Independente vender mais um exemplar do que O Expresso”.
Ora, nunca vendeu sequer metade e Portas há muito que abandonou o barco.
Mas isso Portas já esqueceu. Deitou no ecoponto com a mesma lata com que deitou o CDS (e fez o PP depois de sempre se ter afirmado democrata-cristão e depois regressou ao mesma CDS). Ou do mesmo modo que o fez com as suas ideias anti-europeístas (quem não se lembrar o que disse da então CEE que releia os seus editoriais de então. Ou, para variar para exemplo mais mundano (porém não menos elucidativo sobre a personalidade do homem), com a mesma limpeza com que se esqueceu que afirmou (creio que na dita mesma entrevista) que nunca usaria relógio nem gravata (basta vê-lo agora para constatar como é coerente). A queda de O Independente é, também, a queda de Paulo Portas. A queda de um certo “way of living” que, bem maquilhado, muita frase feita e de banhinho lavado até pode enganar, numa noite mais ébria, o povo. Mas que, em chegando o dia, “tem que tapar as pernas” ou então descobrem-se as “Dietrichs que não foram nem Marlenes” (Sérgio Godinho).

Sem comentários: