domingo, março 22, 2009

BENTO(S) DA DESGRAÇA

Vi no fumo branco por Raitzinger um mau serviço prestado pelo Conclave à humanidade e à Igreja em particular.
O ultra-conservadorismo do seu passado não augurava nada de bom ao trabalho de cativação que a Igreja tinha que fazer: os beatos apenas ficaram mais radicais e os indecisos ou os em lista de espera mais afastados.
E porque o papel anónimo da Igreja Católica no mundo é indesmentivelmente necessário (ainda que, como disse José Mário Branco, seja muito mau o que alguma Igreja vem fazendo ao catolicismo), o seu enrijecimento não podia trazer nada de útil.
As leituras fanáticas e distorcidas com que nos pretende vender a bíblia trazem laivos de novo jihadismo, que também lê no Corão (como Raitzinger lê na bíblia) o que não está lá escrito, nem em letra nem em espírito, para perpetrar crimes hediondos .
Por isso, e logo após a eleição, remeti o novo Bento para o catálogo dos “seres a ignorar” e deixei de perder tempo a lê-lo.
Hoje mudei-o de catálogo: para o dos seres abjectos.
Um Papa não pode dizer nem pedir o que este disse e pediu em Angola a propósito do uso do preservativo.
Porque não traduz o sentido de humanidade que deve presidir a uma igreja que defenda o evangelho.
E sobretudo porque não encontra no evangelho qualquer correspondência.
Aquilo que hoje se chama de fundamentalismo (regresso aos fundamentos) normalmente não o é e a prática não vem só dos radicais islâmicos.
Não existe no antigo nem no novo testamento nenhuma passagem (fundamento) que permita ao Papa dizer o que disse. Muito pelo contrário, diz e defende a bíblia que se nos queremos prejudicar (infectar) que o façamos sozinhos. Basta lê-la para o perceber.
A Raitzinger, ser abjecto, radical e perverso, só desejo um futuro curto e doloroso. No mínimo tão doloroso quanto o terão todos aqueles que, embarcando no conselho irresponsável e assassino recusarem, numa África imunda e infectada, o uso de um simples preservativo.

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