terça-feira, julho 11, 2006

A VERDADE, MAIS DO QUE NUNCA

A f., que é a Fernanda Câncio, escreveu no Glória Fácil o que se segue e algo mais a propósito do julgamento dos menores que espancaram o transexual no Porto:
"Uma brincadeira que correu mal”. Ouvida primeiro a responsáveis da Oficina, os tais que “educam para a vida”, a frase volta agora pela boca dos jovens, parece, e dos seus advogados. Fosse a vítima uma criança ou um padre – e não a transexual, sem abrigo, toxicodependente e prostituta que era – ousar-se-ia falar assim do que lhe fizeram?
Ora estando eu plenamente de acordo que o julgamento seja feito à porta fechada (está ali gente menor, a quem a sociedade e, sobretudo, o tempo ainda devem uma segunda oportunidade), não deixo de estar de acordo com a visão de que, sem nomes, os factos (e sobretudo o que esteve por detrás deles) devem ser relatados à opinião pública.
Porque conhecer aquela realidade, que normalmente corre à noite, ou dentro de paredes das "Oficinas", e certamente sempre "fora" das nossas vidas, é imprescindível para sabermos que raio de edifício estamos a construir.
Esta atitude paternalista que o Conselho Superior da Magistratura adoptou, querendo quartar o direito à informação, pretendendo fazer o papel de coordenador (do julgamento e das notícias) é muito característico de uma sociedade totalitarista e autista, que faz de conta que não vê, porque assim não existe.
Ademais, pensarão, era um(a) transexual. Sózinho(a). Não faz falta a ninguém. Não se terá perdido grande coisa. Nós assisitimos impávidos.

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